A prometida vingança iraniana pelo ataque israelita em Teerão, onde morreu Ismail Haniyeh, líder do Hamas, colocou Israel em alerta máximo: o exército, o governo e a população. Mas o ataque pode nunca acontecer.
O Irão sabe bem que um ataque frontal, com mísseis ou drones, será sempre fácil de defender pelos israelitas. E sabe que irá sofrer uma retaliação dura, porque Israel continua com as costas quentes, apoiado por uma colossal força militar norte-americana, com dezenas de caças bombardeiros, centenas de mísseis de todo o tipo, milhares de soldados, a bordo de dois porta-aviões e das esquadras que os protegem.
Mas a vingança do Irão pode surgir por caminhos laterais, por interposta mão armada, num ataque singular e inesperado. O mundo já viu isso acontecer no 11 de setembro em Nova Iorque (cerca de 3 mil mortos), no 11 de março em Madrid (193 mortos e 2 050 feridos) ou no Bataclã de Paris (130 mortos e 350 feridos). Meros exemplos.
O Irão também sabe que um ataque formal só irá beneficiar politicamente Benjamin Netanyahu, o líder israelita cujo futuro político depende da continuação e escalada da guerra. Netanyahu precisa de inimigos fortes que lhe permitam manter o estado de guerra e adiar as consequências de atos de corrupção de que está acusado nos tribunais e nas ruas de Israel.
Ao mesmo tempo, o Irão não deixa de ameaçar. Na TV estatal passa um clip que funciona como tal, contribuindo para o desgaste psicológico pela necessidade de Israel manter o alerta total nas forças armadas e no governo.
(Entretanto, o vídeo da TV iraniana foi censurado pelo YouTube e deixou de estar disponível para visionamento. Para os interessados, usem este link para visionar esse vídeo).
É bem possível que o Irão não faça nada, agora. Manter o suspense, agudizar a tensão, mas não despoletar a guerra total. Até que, algures no mundo, alguma coisa aconteça que possa magoar Israel.