DOENÇAS PROFISSIONAIS DE HÁ 5 MIL ANOS

Os séculos passam, mas nem tudo muda. Uma pesquisa científica levada a cabo pelo Museu Nacional de Praga revela que há doenças profissionais de hoje que já existiam há mais de 5 mil anos. E não estamos a falar de trabalhos fisicamente exigentes, estamos a falar dos escribas egípcios.

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Petra Brukner Havelková, antropóloga, a investigadora que liderou esta pesquisa baseada no estudo forense de esqueletos de pessoas que trabalharam na escrita dos hieroglifos egipcios, concluiu que os antigos escribas egípcios também experimentaram doenças físicas devido ao trabalho que executavam, tais como osteoartrites, bicos de papagaio, infeções dos tendões da mão e braços, cervicalgias, tendinites, lombalgias.

os pontos onde foram detetadas lesões dos escribas egipcios

Os escribas não desenhavam hieroglifos nos papiros apenas, também os pintavam na pedra dos templos e edifícios públicos. Seria certamente um trabalho lento, prolongado no tempo, de grande precisão para que as mensagens não ficassem truncadas.

Entre os vestígios encontrados nos esqueletos, há sinais de luxações da mandíbula, o que significará que se tratava de uma atividade profissional stressante.

Petra Brukner Havelková (á esquerda) em trabalho de campo

Na introdução ao estudo que publicou, a antropóloga Petra Brukner Havelková refere que “Homens com proficiência em escrita desfrutavam de uma posição privilegiada na antiga sociedade egípcia no terceiro milénio a.C. As pesquisas focadas nesses funcionários de status social elevado (“escribas”) geralmente limita-se a saber que títulos tinham, a respetiva  iconografia, pouco mais. Raramente foram feitos estudos concretamente sobre as pessoas. Por isso, os seus restos mortais não foram olhados nessa perspetiva.

O objetivo deste estudo é revelar se tarefas e posturas prolongadas relacionadas com a  atividade de escriba podem ter tido consequências na saúde dessas pessoas. Foram estudados restos mortais humanos de 69 homens adultos de categorias de status social bem definidas da necrópole de Abusir (2700-2180 a.C.).

extrato da introdução do relatório da antropóloga Petra Brukner Havelková

Os dados recolhidos permitem concluir que em 5 mil anos houve coisas que não mudaram. Claro que o estudo que referimos abordou um universo de gente previligiada, pessoas que se alimentavam bem e que não levavam chicotadas nem tinham de carregar pedragulhos de toneladas através das dunas até ao estaleiro de obras. Os escravos teriam outras doenças profissionais, outras dores.

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