Pedro Nuno Santos afirmou que publicar escutas telefónicas que estejam sob segredo de justiça é crime. Será, concerteza, nem o dirigente socialista iria atrever-se a dizer tal coisa se não tivesse a certeza do que afirmava. Mas a haver crime na divulgação, há um crime anterior que é o da cedência das escutas ao jornalista. E até hoje, apesar de todos os inquéritos internos, a Procuradoria-Geral da República nunca foi capaz de encontrar esse criminoso.
Estamos perante uma questão que vai pôr em confronto o direito à privacidade e o direito de informar e ser informado, que vai confrontar o segredo de justiça e a liberdade de imprensa. Veremos no que isto vai dar.
No seu discurso, Pedro Nuno Santos falou de outros assuntos antigos: a lentidão da justiça, o incumprimento de prazos processuais e prometeu que o PS vai trabalhar para propor medidas que reformem a justiça.
Pedro Nuno Santos referiu que o Ministério Público tem de ser escrutinado e tem de ser transparente, que tem o dever de prestar contas ao país. Veremos se essas intenções não se vão limitar a penalizar o mensageiro. É caso para dizer que os partidos políticos do chamado “arco do poder” só se preocupam quando o problema lhes bate à porta.
O líder socialista falou para todos os portugueses, nomeadamente o eleitorado socialista. Mas, falou particularmente para Luís Montenegro, desafiando o líder do PSD a juntar esforços com o PS para a reforma da Justiça. Acontece que Montenegro é beneficiário desse mau funcionamento, sem o qual não seria hoje primeiro-ministro. Ou seja, ainda falta perceber quanto vale a ética para este político.
