No final de Janeiro de 1977, numa intervenção na Assembleia da República, (Diário da A. R., nº68, 1977-01-28) enquanto deputado do PSD, propôs a criação da Região Demarcada da Bairrada. A Soberania do Povo publicou na íntegra a sua intervenção, na edição de 11 de Fevereiro de 1977.
Uma epopeia protagonizada por este aguedense único, um humanista e um social-democrata. O partido e os seus deputados ainda respiravam a herança de Francisco Sá Carneiro.

O governo não decidia, não passava para o papel na forma de lei as justas pretensões das gentes bairradinas. Foram sucessivos os requerimentos apresentados ao governo por José Júlio e a resposta chegava invariavelmente redigida pela mão Eng Virgílio Dantas cuja influência era muito grande junto do executivo.
Estoutro mais interessado na sua Junta Nacional do Vinho, conseguia arrastar o processo, como indicam os registos de 21 de Maio de 1977 e de 16 de Março de 1978. Comprovam-se os bloqueios e a surdez dos departamentos oficiais que inviabilizaram a demarcação da Bairrada, ao longo de dezenas de anos (Diário da Assembleia da República, nº56, 1977-04-06, p. 539).
O Dantas pretendia a criação do Instituto dos Vinhos de Denominação de Origem mas contava com a forte oposição da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes e da Casa do Douro.
Interpelando o Ministério da Agricultura e Pescas e o Ministério do Comércio e Turismo sobre o atraso na demarcação da Bairrada (Diário da A. R., nº11, 1978-11-22, p. 194-195): “O tão citado Instituto dos Vinhos de Denominação de Origem já foi criado? Se foi, que atividade desenvolveu? Se não, o que tem impedido a criação de uma estrutura que garanta a certificação da qualidade dos vinhos Bairrada? (…)
A crise política aberta entretanto levou à tomada de posse do V Governo Constitucional liderado por Maria de Lurdes Pintassilgo. A pasta da Agricultura foi confiada ao Prof. Eng.º Joaquim Lourenço. O Eng. José Júlio, que tinha assumido a condição de deputado independente, aquando da cisão no grupo parlamentar do PPD, renunciou ao mandato de deputado pelo Círculo de Aveiro em 12 de outubro de 1979 e passou a fazer parte do gabinete de Joaquim Lourenço. Dois meses depois a portaria n.º 709-A/79, de 28 de dezembro foi publicada em Diário da República.
Cultivar a memória como património comunitário é produzir cultura.
(O autor escreve segundo o antigo Acordo Ortográfico)