TODOS APANHADOS PELO MESMO BURLÃO

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A utilização abusiva do nome e imagem do jornalista Pedro Andersson, num esquema de burla online, não é único. Para além dos apresentadores Jorge Gabriel e Cláudio Ramos, há outros que também estão a ser vítimas dos mesmos burlões, como, por exemplo, Daniel Oliveira (diretor de programas da SIC), Nuno Rogeiro (comentador de política internacional na SIC), Manuel Luís Goucha (TVI) ou Filomena Cautela (RTP).

Contactámos Pedro Andersson, que nos explicou que, no caso dele, tudo começou em setembro de 2023. Foi quando recebeu mensagens de alerta de amigos e de outros jornalistas e, também, mensagens de seguidores nas redes sociais que lhe confirmavam já ter investido os 250 € solicitados e que perguntavam o que ia acontecer a partir dali.

Pedro Andersson disse-nos que “as empresas que gerem redes sociais sabem quem patrocina a burla”, uma vez que se tratam de mensagens comerciais sujeitas a um pagamento para serem disseminadas, mas que “o sentimento de impotência é terrível”, uma vez que as queixas apresentadas, por exemplo no Facebook, receberam a resposta de que, depois de terem verificado a situação a consideraram “credível”, pelo que a burla não foi bloqueada.

Pior, “está a aumentar”, diz Pedro Andersson. “Fisicamente, eles podem estar em qualquer parte do mundo”, explica. E com os avanços tecnológicos, estamos perto de não ser possível distinguir o verdadeiro do falso, “já fazem vídeos onde põem as pessoas a ‘dizer’ o que eles querem, no caso a que me refiro a apresentadora da TVI aparecia a dizer bem ‘daquilo’ e depois aparecia o Cristiano Ronaldo a dizer bem ‘daquilo’ também”.

De facto é possível. Nós próprios aqui já publicámos um vídeo com um falso discurso do Presidente da Ucrânia. Um discurso delirante. O vídeo foi produzido com recurso a Inteligência Artificial e se não fosse tão surreal passaria como verdadeiro.

vídeo

No caso que estamos a abordar utilizam atores, jornalistas, desportistas, apresentadores de televisão e a credibilidade que lhes é reconhecida pelo público. “Já denunciei isto por todo o lado, até mesmo nos programas que faço”, diz Pedro Andersson. “Os advogados da SIC estão a preparar uma queixa”, mas contra quem? “Contra desconhecidos”, lamenta Pedro Andersson, porque não é possível chegar aos autores da burla e a META, ou a Google, não divulgam o nome dos seus clientes que patrocinam as “campanhas”, que estas empresas consideram credíveis.

Que se trata de uma burla, não há dúvidas. Se a META ou a Google consideram que se trata de um negócio válido e credível, então talvez seja possível apresentar uma queixa nos tribunais portugueses contra a META ou a Google por erro de avaliação ou negligência.

Sinal de que pode haver má fé por parte destas empresas, é o bloqueio que eles aplicam às pessoas cujo nome e imagem são indevidamente utilizadas na burla. Não bloquearam os burlões, mas bloquearam a conta de Pedro Andersson no Facebook.  “Fui suspenso pela própria META, tive de criar uma nova página do Facebook, perdi 10 anos de história e registos profissionais e da minha vida pessoal”.

A conversa com Pedro Andersson terminou com uma última explicação. “As criptomoedas não podem ser associadas à burla. As criptomoedas são um produto financeiro legal. Negociar criptomoedas é quase como ir ao casino. Pode-se ganhar ou perder. Mas ir ao casino não é ilegal”.

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