Sentada diante da televisão, à espera do que se admitia ser o debate decisivo destas eleições, entre Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro, só vi homens em protesto, guardados por alguns elementos da PSP. De repente, percebo que está um carro a tentar passar, a sair de um estacionamento. Julguei vislumbrar uma amiga, a quem telefonei imediatamente, dada a preocupação em que fiquei.
Atendeu-me em pânico. Não a deixavam sair do estacionamento, abanavam o carro e proferiam impropérios contra ela. ‘Diz que és médica e precisas de passar’, afirmei, tanto mais que é tudo verdade.
A minha amiga assim fez. Pediu passagem, alegando a urgência em sair dali e prosseguir o seu caminho. Depois de ter exibido o cartão profissional por duas vezes, a pedido de quem a cercava, lentamente foram abrindo caminho para que ela passasse, enquanto lhe batiam no carro. O mínimo que lhe chamaram foi: ‘deixem passar a velha!’. O resto, não deve ser escrito aqui.
Todos vimos estas e outras infelizes imagens na televisão. Imagens de polícias numa manifestação não autorizada, a perturbarem a circulação naquela zona da Avenida da Liberdade, uma Liberdade dos outros que, claramente, não respeitaram. E agora? Que moralidade têm estes supostos agentes para exigir a outros o respeito pela Lei?
Quando entrei para a profissão, não havia áreas de trabalho como hoje, nem sequer a área de Justiça. Chamava-se, então, Serviço de Polícias, que cumpri durante mais de 30 anos. Aprendi, deste modo, a respeitar todas as polícias e sei que, com o meu trabalho, levei muita gente a fazê-lo. A polícia é o garante da nossa segurança e da nossa liberdade.
Independentemente das razões que podiam assistir aos indivíduos em protesto (e não duvido que as tinham) já as perderam. Porque quem viu aquele triste espectáculo percebeu que ali estavam energúmenos (pessoa que, dominada pela paixão, tem atitudes ou comportamentos excessivos; fanático intolerante; pessoa considerada ignorante ou muito básica – in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa).
O pior é que, em qualquer momento, podemos ser fiscalizados por alguns destes energúmenos, ou termos necessidade de a eles recorrer. E aí, quem nos defende de tanta boçalidade, falta de educação e fanatismo?