RIO SUJO

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Chamam-lhe rio, mas não passa de uma ribeira que só tem água quando chove. Nasce na Venda do Pinheiro, nos arredores de Lisboa e desagua na Ericeira. Logo à nascença, foi entubado, porque o autarca da época devia sonhar com a Amadora e o que ele queria era construir por todo o lado, até mesmo em cima do rio. Entubado, também não se via a lixeira em que foi transformado, onde desaguavam os esgotos urbanos e os despejos das oficinas.

Umas décadas depois, destaparam um curto trecho, porque o jardim que lá fizeram ficava mais bonito. Até chamaram à coisa “parque ecológico”, mas não passa de um relvado. Como bem sabemos, um relvado é uma espécie de “deserto verde”. Tem relva, mais nada. E o que ali cresça é mensalmente “decepado” pela jardinagem. O que lhes importa é ter tudo muito cortadinho, quase pela raiz, certinho, como se fosse um campo de futebol. Fica tudo como se fosse caldo verde, temperado com alguns caracóis e outras lesmas trituradas que tenham tido a má sorte de andar por ali.

Parque Ecológico e Intermodal da Venda do Pinheiro

Agora que deu em chover, era suposto a água correr límpida. Mas olhem só a cor do líquido (bem visível na primeira fotografia acima)… E felizmente que as fotografias não têm cheiro. E nos canaviais há agora ornamentos, embora o natal ainda venha longe.

Sacos de plástico, pedaços rasgados de plástico, esferovites, garrafas de plástico, baldes, ali estão para vergonha de quem polui o ambiente e da autarquia que não limpa o leito e as margens do rio.

Felizmente que o leito do rio está entupido com as canas, porque o destino do lixo seria o mar, que não precisa de mais porcaria do que aquela que já tem.

É o rio Lizandro.

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