AS ‘SALOIAS’ DA SOMÁLIA

Gente a sério faz coisas giras.

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É cada vez mais fácil fazer uma ‘televisão’. Não uma televisão à antiga, com grandes estúdios e maquinaria pesada, difusão de sinal através do espetro radioelétrico, isso continua a ser caro e difícil. Mas uma televisão dos novos tempos, com notícias e programas disseminados pela web, é fácil.

Claro que apoios são sempre necessários, nomeadamente de anunciantes quando não há patrocinadores. E o problema está aí. Às vezes pode ser mais fácil fazer uma televisão dessas na Somália do que em Portugal, onde nenhum dos projetos de televisão online conseguiu profissionalizar-se, como é o caso, por exemplo, da Saloia TV (apesar de ter quase 200 mil seguidores no Facebook).

NA SOMÁLIA…

Quando andei pela Somália, em 1992, era um país destruído, dilacerado por guerras de clãs, a vida não tinha valor algum e a invasão americana para ”Restaurar a Esperança” (assim chamaram à operação militar) só aumentou a violência e a insegurança.

Os americanos acabaram por retirar as tropas, depois da derrota na chamada “batalha de Mogadíscio”. A Somália ficou como estivera antes, entregue a si mesma.

Nesses tempos, era impensável organizar alguma coisa, menos ainda se se quisesse dar algum relevo ao papel das mulheres. Hoje, continua a ser um sítio difícil para se viver, mas há coisas novas a surgir, até uma televisão exclusivamente feita por mulheres.

Apesar de ser um dos países onde mais facilmente se matam jornalistas (50 jornalistas assassinados desde 2010), a Bilan TV nasceu pela mão de uma mulher que há anos se dedica ao jornalismo, Fathi Mohamed Ahmed.

Ela teve arte e engenho para encontrar patrocinadores e protetores, contratou um pequeno grupo de repórteres e pessoal técnico (só mulheres) e fazem uma televisão com poucos recursos técnicos. As reportagens são feitas com telemóveis ou pequenas câmaras de vídeo, o estúdio tem o tamanho suficiente para gravar entrevistas e debates com 4 ou 5 pessoas, mas é o suficiente.

Há 18 meses que a Bilan TV funciona, apesar de todos os perigos existentes numa sociedade desequilibrada, islâmica, pobre, patriarcal.

Se tiverem curiosidade em conhecer o trabalho de gente com coragem, visitem-nas no site ou na página do Facebook. Basta clicar na palavra site ou na palavra Facebook.

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