Em causa estava a marcação de uma grande penalidade. A equipa favorita estava a perder e isso deu um peso insustentável à questão.
No futebol, o árbitro está a desresponsabilizar-se rapidamente. O VAR é que sabe. Neste caso, sem imagens, foi ao telefone com o VAR que o homem do apito decidiu a sorte da jogada. Os fingimentos continuam impunes, mas o jogo esteve interrompido largos minutos. A transmissão televisiva aguenta mal interrupções demoradas na ação. Um minuto é uma eternidade. Só os maluquinhos da bola aguentam. Os outros mudam de canal ou vão fazer xixi.
O espetáculo ficou a perder, mas os canais de televisão vão agora explorar aquele incidente até ao enjoo. Não o fingimento do artista da bola, mas a avaria do equipamento. As tentativas de aldrabar o jogo já fazem parte do sistema. O aparelho avariado é que não se pode permitir.
A importância do futebol tem a exata medida do impacto do jogo na sociedade. Como fenómeno social global, o futebol passou de prática desportiva a espetáculo circense. O jogador não é apenas um desportista, passou a estrela mediática. Não passa só na televisão, passa mais nas redes sociais que se transformaram em fonte de receita. Qualquer banalidade serve para atrair milhões de reações. Por exemplo, Cristiano Ronaldo vende cuecas no Facebook. A fotografia que publica tem mais de 630 mil likes e dezenas de milhar de comentários (que ninguém vai ler).
A publicidade. O que rende dinheiro. Nenhum dirigente desportivo se preocupa com as bancadas do estádio sem gente, desde que o jogo seja transmitido pela televisão. O futebol é um negócio de milhões e o dinheiro tem vindo a subverter tudo, desde os calendários das competições até à escolha de quem organiza campeonatos. Não tem importância que o futebol sirva para limpar a imagem de dirigentes corruptos e de ditadores.