EUROPA CRUEL

MORRERAM TODAS AS MULHERES E CRIANÇAS. MORRERAM QUASE TODOS.

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Ativistas pelos direitos humanos acusam as autoridades europeias de serem responsáveis pela morte de centenas de pessoas afogadas no Mediterrâneo, no naufrágio de uma traineira quando tentavam chegar a Itália, dia 14 de junho.

Segundo o relato dos poucos sobreviventes, havia cerca de 750 pessoas a bordo, muitas mulheres e crianças. Nenhuma mulher e nenhuma criança sobreviveu. Foram resgatados com vida 104 homens, foram recuperados 78 cadáveres. Todos os outros desapareceram. A estimativa é de pelo menos 600 mortes. Muitas famílias inteiras – pai, mãe, filhos – terão sido dizimadas neste naufrágio.

Desde que foi lançado um pedido de socorro, passaram 5 horas até que as embarcações de auxílio chegassem ao local do naufrágio. Nesse tempo, muita gente sucumbiu. Para serem encontrados, alguém terá de os ir procurar ao fundo do mar.

Os ativistas dizem que “a política europeia de fronteiras está a matar pessoas.” Dizem que a Europa tem uma “abordagem cruel” à questão dos migrantes africanos e asiáticos que procuram chegar onde pensam poder ter uma vida melhor.

Os ativistas acusam a Guarda Costeira da Grécia e a Frontex, organismo de vigilância e controlo de fronteiras externas da União Europeia, de saberem que o navio em questão estava com problemas (à deriva, sem motor) e de não terem antecipado uma ação que impedisse o naufrágio. Durante 14 horas esperaram, até que a traineira carregada de gente nos porões foi ao fundo. E por isso dizem que foi um crime.

A Frontex reconhece que o navio tinha sido detetado no dia anterior. Num comunicado, diz que “em 13 de junho, antes do meio-dia (09:47 UTC), um avião da Frontex avistou o navio de pesca dentro da região grega de busca e salvamento, em águas internacionais. O navio estava superlotado e navegava em baixa velocidade (6 nós) na direção nordeste.” Nada foi feito.

27 MIL AFOGADOS EM 9 ANOS

A ONG WeMove Europe escreve no seu site que a crise mundial se deve ao sistema político que “serviu a elite e maximizou o lucro durante demasiado tempo, e agora estamos a assistir a efeitos devastadores no nosso ambiente, na nossa economia, na nossa democracia e na nossa vida quotidiana.”

Estes ativistas acusam a União Europeia de cinismo político, face aos “valores frequentemente enunciados na UE: respeito pela dignidade e pelos direitos humanos, liberdade, democracia, igualdade, Estado de direito, pluralismo, não discriminação, tolerância, justiça e solidariedade” e a prática que possibilita a ocorrência de desastres como este onde morreram centenas de pessoas.

De acordo com os dados fornecidos pelo Projeto Migrantes Desaparecidos da Organização Internacional para as Migrações, há quase 27 mil migrantes desaparecidos no Mediterrâneo desde 2014.

Quantos morreram pelo caminho, na caminhada desde os seus países de origem até ao ponto de embarque, na Síria, na Líbia, no Egipto, ninguém sabe dizer.

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