E de repente os dirigentes ucranianos começam a falar da necessidade de negociar a paz com a Rússia. Ainda não é Volodymyr Zelensky a falar, mas alguns dos seus mais importantes subordinados, como é o caso do major-general Vadym Skibitsky, vice-chefe da direção de inteligência militar HUR da Ucrânia.
Numa entrevista à revista Economist, Skibitsky diz que só com negociações se poderá alcançar a paz. Uma “Lapalissada”, mas que tem sido contrariada até agora.
“O general Skibitsky diz que não vê uma maneira de a Ucrânia vencer a guerra apenas no campo de batalha. Mesmo que fosse capaz de empurrar as forças russas de volta para as fronteiras – uma perspetiva cada vez mais distante – não acabaria com a guerra”, escreveu a revista.
“As guerras só terminam com tratados”, diz Skibitsky. Mas negociações significativas só podem começar no segundo semestre de 2025, diz o general ucraniano. Até lá, ambos os lados tentarão obter o máximo que puderem no campo de batalha. Todos sabem que na hora de negociar será preciso abrir mão de alguma coisa.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Dmytro Kuleba, disse quase o mesmo, numa outra entrevista. À revista Foreign Policy, Kuleba disse que a Ucrânia só irá falar com a Rússia depois de conseguir uma posição vantajosa em termos militares. O plano dos ucranianos será formar uma aliança militar forte que obrigue a Rússia a medir as consequências de continuar a guerra. Será isso que a Ucrânia vai tentar obter numa cimeira internacional que se realizará em junho, na Suiça.
“Depois disso, a comunicação com a Rússia pode ocorrer e a Rússia pode fazer parte das negociações. Porque tem razão: no final, não se pode pôr fim à guerra sem ambas as partes”, disse Kuleba.
A cimeira de junho é a nova aposta de Zelensky. Talvez a última tentativa de evitar uma derrota militar. Se não resultar, vai negociar.
