Ri-te, ri-te que já vais ver como é!

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Ao anunciar que o Grupo Desportivo do Zambujeiro ia levar à cena uma comédia, escrevi:

«Nada sei do que lá vai passar-se, garanto. No entanto, vi que o senhor Nicolau Gogol tinha escrito uma peça a que deu o nome de ‘Inspector’ e que foi estreada, a 19 de Abril de 1836, em S. Petersburgo. Uma comédia em cinco actos! Escreveu alguém sobre ela aquilo que eu nunca saberia escrever: “A natureza ambivalente do homem e do artista Gogol – os elementos antinómicos de pesadelo de um lado e os do riso desenfreado do outro – traçam juntos as linhas definidoras desta comédia que revolucionou o teatro russo”. Se é isso que vai ver-se não sei; mas que promete ser uma noite bem divertida, sei bem que vai ser!».

E foi.

Num original da jovem actora algarvia Joana Saraiva e por ela encenado, certamente partilhado e pontilhado com as constantes buchas dos actores, ali se passam, de facto, quase duas horas de boas gargalhadas. Não é para menos, porque esse «inspector de São Peterburro» não é burro nenhum e aproveita-se bem do facto de – pelo seu trajar selecto e ares sentenciosos e por, inclusive, ter dois lacaios para lhe transportarem as malas… – o terem tomado pelo inspector anunciado. Não era, mas gostou do papel. E, embora se apercebesse à evidência que, a nível de Educação, de Saúde, de Justiça, por exemplo, as coisas estavam mesmo mal, aproveitou-se dos dinheiritos que, sub-repticiamente, lhe iam passando, para a todos solenemente declarar que escreveria um relatório assaz favorável a todos.

Não escreveu. E os burlados só disso se aperceberam quando deram conta da carta em que, a um amigo, ele contava das delícias por que passara.

Um texto singelo, bem servido por este grupo amador, que mais não pretende do que, desta forma, cimentar a comunidade desta aldeia, ali plantada entre leves colinas ainda ornadas do verde da vegetação rasteira original…

Filipe Santos é o inspector boçal, malicioso, rei da festa; Laura Sobral, a azougada espanholita; Beatriz Dorropia, a sedução; Beatriz Baleia, a «senhora»; Maria João Baleia, uma tempestade; Rosa Rodrigues, a 2ª tempestade, que ri por todos os poros, irradiante de vivacidade; Margarida Rabeca, a tatuada filha do Governador; Isabel Silva, vai tudo à frente; José Santos e Carlos Rodrigues, a serenidade em pessoa.

José Sobral trata do som, Vasco baleia das luzes, Ana Sobral é a contrarregra; Joaquim Baleia, assistente de palco; Hugo Sobral e Renato Duarte superintendem na sala.

A comédia «O Inspector de São Peterburro» está em cena aos sábados, até dia 1 de Abril (inclusive), a partir das 21 horas, na sede do Grupo Desportivo do Zambujeiro, em Cascais. Marcações pelo tel. 937 907 563 ou por ticketline.

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