À PROCURA DE LEITORES DE LIVROS

Cada vez é mais difícil encontrar pessoas tranquilamente a ler um livro. E contudo, o analfabetismo diminuiu drasticamente nas últimas décadas e as editoras nascem como cogumelos.

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Há já uns anos, tive a ideia, que afinal não é assim tão original, de andar por aí a procurar pessoas que estivessem a ler livros. Dei umas voltas, por jardins, cafés, praias e… acabei por desistir, após algumas semanas.

À exceção da biblioteca pública e das bibliotecas escolares, não encontrei no concelho uma única pessoa que estivesse a ler um livro.  E contudo… elas leem.

Dir-me-ão que seja livro, ecrã de PC ou de telemóvel, ler é sempre ler. Não, não é a mesma coisa.

E não estou a pensar na textura do papel, no ruído sensual do virar a página, por oposição aos ecrãs, tácteis, mas a estimular pouco o tacto. Estou a pensar nos distratores que inundam os ecrãs, basta um clic e já estamos noutro texto, nos anúncios que permanentemente  interrompem o texto.

Nem falo dos conteúdos inócuos que enchem os pequenos ecrãs!

O algoritmo, o tal que sabe tudo sobre cada um de nós, onde estivemos, o que vimos, o que comemos e bebemos… basta termos clicado, mesmo que por descuido, num site ou link qualquer e nunca mais nos veremos livres desta perseguição.

Mas a imaterialidade dos textos em ecrãs, mesmo sendo textos integrais, não interrompidos por distratores, ainda está longe do prestígio das folhas de papel. Pelo contrário. Basta ver como proliferam as editoras, aquelas a quem os autores pagam para editar.

Dir-me-ão que não é politicamente correto defender o livro em papel, neste tempo de luta urgente pela preservação do ambiente.  Não tenho aqui à mão as estatísticas sobre que % representa o papel (as árvores) usado em livros.  Mas visualizem as embalagens nas prateleiras de supermercado, ou, no limite, uma encomenda da Amazon! Desperdício de papel é isso. Curioso! Duma ” gigante comercial de tudo” que começou há três décadas (1994) com venda online de livros. De papel!

Num tempo em que ainda se encontravam pessoas deitadas na areia da praia, em cafés e jardins, a ler livros. Quando se faziam planos para livros a ler nas férias!

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