ALTERAR O HINO NACIONAL, reações

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Quando Dino de Santiago relembrou a polémica lançada em 1977 pelo escritor Alçada Baptista sobre a necessidade da letra do hino nacional ser alterada, pensamos que o cantor iria ficar a falar sozinho. Mas afinal, não.

Há um coro imenso de reações à proposta reavivada por Dino de Santiago. Depois do que disse Ana Gomes, surgiram os alegados fervorosos defensores dos símbolos nacionais que reagem com intolerância temperada pelo racismo, num caldo que cheira a direita bafienta. E há os outros que tentam perceber as razões da proposta. Uns concordam, outros nem tanto, mas aceitam a discussão.

Ficamos com a reconfirmação de que a esquerda é mais permissiva à mudança. Por exemplo, o comentador Daniel Oliveira escreveu no semanário Expresso que o atual hino é “uma peça da propaganda republicana”, datada e “resposta circunstancial” a um momento político e que nasceu como “canção de revolta perante a ameaça de perda de um império colonial”.

Facebook de Daniel Oliveira

Daniel Oliveira é favorável à mudança: “gostaria de um hino que falasse dos valores de uma pátria pequena, que não é nem quer ser imperial, quer cumprir-se na dimensão que não a envergonha: liberdade, desenvolvimento, igualdade, democracia, aquilo que tentámos construir, com erros e acertos, nos últimos 50 anos, que, por mais que o populismo ignore, foram os mais prósperos e felizes para o português comum.”

A fazer coro com Dino de Santiago, surgiu a cantora conhecida por A Garota Não, aka Cátia Mazari Oliveira, aquela que canta…

Seguimos ofendidos
Todos sérios e contidos
Inundados em pudor

Tenho medo destes muros
Pensamentos crus e duros
Sempre prontos a julgar

Pois, a miúda diz que “uma nova letra para o hino nacional seria reveladora de tempos mais conscientes e elevados.”

Miguel Esteves Cardoso, na coluna de comentário que assina no jornal Público, diz que “Dino D’Santiago tem razão: temos de dar uma volta ao hino nacional. Todos sabemos quais são as partes do hino que funcionam, que nos fazem arrepiar, e as partes que são ridículas e que soam a século XIX.”

Nessa crónica, o escritor diz que a letra do hino deveria ser discutida palavra a palavra. E dá exemplos, antes de terminar dizendo que “a conversa é um bem em si. Mesmo que o hino fique na mesma.”

Entendam este artigo como mais um contributo para a discussão sobre a necessidade de se alterar o hino nacional português, uma ideia relembrada recentemente pelo cantor Dino de Santiago, depois de ter sido proposta pelo escritor  António Alçada Baptista em 1997.

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