Se a tradição de cimeiras anteriores se mantiver, os discursos serão muitos e cheios de promessas vãs. Cada um irá falar de interesses regionais ou particulares, antagónicos e difíceis de conciliação. No final, “cozinhado” à porta fechada, um comunicado a atirar para futuros mais ou menos longínquos decisões que já deviam ter sido tomadas há décadas.
Por exemplo, os grandes produtores de petróleo – Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos – querem preservar a utilização combustíveis fósseis, talvez não na mobilidade automóvel, mas certamente na indústria e nos transportes marítimos e aéreos.
Outro exemplo do “empenho” destes líderes: o rei de Marrocos anunciou hoje o compromisso de, com a Nigéria, construir um gasoduto com 7.000 quilómetros, com ligação à Europa.
Neste tipo de reuniões, há sempre diplomacia em excesso e quase nenhuma ação em concreto. Para a maioria das pessoas que surgem na fotografia de grupo, o mundo só existe enquanto eles forem vivos. Quem vier a seguir que se desenrasque.

Destaque para as palavras de António Guterres
“A humanidade tem uma escolha, cooperar ou perecer”, disse o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, aos participantes na cimeira, realçando a necessidade de acelerar a transição dos combustíveis fósseis e o financiamento rápido para os países mais pobres que enfrentam impactos climáticos que já ocorreram.
Na Bolívia, por exemplo, secou o segundo maior lago do país. Agora é um deserto. Sem chuva, sob um sol cada vez mais abrasador, a vida morreu ali.

Apesar de décadas de conversações sobre o clima, até agora os países não conseguiram reduzir as emissões globais de gases com efeito de estufa. Todas as promessas de o fazer no futuro são insuficientes, para impedir que o clima aqueça a um nível que os cientistas avisam ser catastrófico.