Quem passa distraído ou apressado, não nota. A rua tem movimento, gente que passa de um lado para o outro, alguns cafés com esplanadas. É a azáfama normal de uma zona muito frequentada por estudantes universitários. De um lado do Campo Grande fica o campus da Universidade de Lisboa, instituição pública, e do outro fica a Universidade Lusófona, instituição privada.
Mas quem não se distrair, há de reparar nos muitos sinais de depressão económica. O mais chocante é o 332 do Campo Grande. Um edifício de três andares abandonado. O proprietário morreu e os herdeiros deixam aquilo apodrecer. Todo o prédio tem sido vandalizado, na garagem ainda permanecem três viaturas, todas com mais de 40 anos de idade, seguramente. A Câmara Municipal tem deixado a situação agravar-se.




À distância de meia dúzia de passos, igualmente devoluto, um pequeno edifício centenário, num estilo arquitetónico a fazer lembrar aldeias espanholas. Loja em baixo, habitação por cima. Tudo emparedado. Ninguém entra, nem luz do sol.


O comércio morre. Sobram alguns serviços proporcionados por empresas privadas da saúde e seguros, alguns cafés e restaurantes. Mais o engraxador que tem sítio reservado no passeio, ao lado da banca improvisada do vendedor da revista Cais.


Uma dor de alma, olhar para o antigo Quebra Bilhas, uma tasca famosa nos anos 80 e 90. Mas hoje, dos grelhados no carvão, nem cheiro…Quase ao lado, a Prelatura da Opus Dei. No espaço anexo, a Igreja Católica ganha uns cobres com um estacionamento automóvel. Três euros, o dia todo, das 7 às 23h00.


Nem cafés e bares escapam à falência. É o marasmo empresarial, uma espécie de aula prática para estudantes universitários de economia. Esperemos que saibam olhar para isto, quando por ali passam a caminho das aulas.
É que nem mesmo os edifícios que foram recuperados e postos à venda escapam à sensação de abandono. Ninguém nas janelas, nenhum movimento. Se algum destes apartamentos está vendido, foi aqueles tipos que precisam de gastar dinheiro para terem direito aos vistos gold que lhes dá direito a autorização de residência em Portugal.


Mas até esse esquema parece ter entrado em crise. Há obras interrompidas, sem pedreiros à vista, hotéis por abrir. Mas que raio de cidade é esta?


Esta é cidade que Fernando Medina e o seu amigo Manuel Salgado deixou aos lisboetas!
Perdeu as eleições é agora é… ministro das Finanças. Ponto!