As colónias da Espanha em África

A prazo, tudo indica que a Espanha vai perder as duas últimas colónias que detém em África, Ceuta e Melilla. Os sinais são evidentes. Um dia, as vedações, o arame farpado, os muros, a porrada e os tiros não serão suficientes para os parar.

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Na passada sexta-feira, houve mais um assalto massivo organizado de milhares de pessoas que tentaram forçar as vedações que delimitam a entrada no pequeno território de Melilla. Seriam cerca de duas mil pessoas. No dia em que forem 20 mil, nada os conseguirá deter.

A violência na defesa das fronteiras foi ao ponto de a polícia espanhola ter morto 18 pessoas. E há muitas outras feridas com gravidade. Noutras circunstâncias, a isto chamar-se-ia massacre. É evidente que a morte de pessoas a esta escala tem um grande impacto político. Curiosamente, na Europa dos direitos cívicos e políticos não se nota… O mesmo não se passará nas opiniões públicas marroquinas, argelinas, tunisinas, líbias ou egípcias.

Ceuta e Melilla vivem num casulo feito de arame farpado, vedações eletrificadas, militares e polícias. Um muro que vai até ao mar. Nada que faça a felicidade das pessoas que ali vivem, tanto de um lado como do outro da cerca.

O reino de Marrocos nunca usou a força para reaver os territórios, colonizados pelos europeus desde o século XV. Mas Espanha fechou as fronteiras devido à imigração.

A questão de Ceuta e Melilla faz parte de um delicado equilíbrio geopolítico da região do Mediterrâneo e norte de África, onde se jogam os interesses de Marrocos na ocupação do Sahara Ocidental, os interesses do Reino Unido na manutenção da colónia de Gibraltar (em território reivindicado pela Espanha) e os interesses de “nuestros hermanos” nos dois enclaves que estão em território marroquinos.

Até aqui tem valido um entendimento “cordial” entre as partes, mesmo se Espanha e Reino Unido já antes “azedaram” as relações por causa de Gibraltar e Espanha e Marrocos quase se zangaram por causa do Sahara Ocidental.

Mas, de repente, tudo pode mudar. Como temos assistido noutras partes do mundo. No norte de África, basta que surja um líder que faça marchar as hordas de miseráveis sem medo e sem nada a perder.

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