Ainda não foi desta que o Senado norte-americano vai discutir a questão do livre acesso a armas. A proposta apresentada pelos senadores do Partido Democrata não conseguiu obter o número de votos necessários para levar a questão a debate.
Os americanos vão, portanto, continuar a matar e a morrer sem se saber porquê. Nas últimas duas semanas houve três atentados terroristas (na América chamam-lhes simplesmente “tiroteios”): num supermercado em Buffalo, no Estado de Nova Iorque, numa igreja na Califórnia e, agora, numa escola primária em Uvalde, no Texas, onde morreram 19 crianças e uma professora. Número de vítimas é provisório, há muitos feridos em estado grave. É como se o país estivesse em guerra civil.
Na América há mais armas que cidadãos. Isto é, em média, cada cidadão tem mais do que uma arma. Qualquer pessoa pode comprar legalmente uma arma, basta ter mais de 18 anos. Nas lojas, há de tudo em venda livre: revólveres, pistolas, espingardas, metralhadoras, carabinas. E respetivas munições. Basta ter dinheiro.
A questão é política, mas também económica. A venda livre de armamento e munições é um negócio muito lucrativo. A organização socioprofissional mais poderosa da América é a National Rifle Association (NRA), que congrega fabricantes e vendedores de armamento por toda a América, promove as vendas e faz a angariação de políticos para defenderem os seus interesses.
Cartoon de Hélder Dias.
