AS GRUTAS DO POÇO VELHO

De novo, um sonho a tornar-se realidade: a reabertura ao público das grutas do Poço Velho, no coração da vila de Cascais. Foi às 16 horas do passado dia 17 (antecipando um dia as comemorações do Dia Internacional dos Museus).

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Famosas desde finais do século XIX, altura em que ali se fizeram as primeiras intervenções arqueológicas, sob a égide de Carlos Ribeiro (dos Serviços Geológicos de Portugal), constituíram o ai-jesus dos organizadores de um congresso internacional de Antropologia e Arqueologia Pré-Históricas, que no ano de 1880 se realizou em Lisboa. Há narrativas entusiasmadas dos participantes.

Tempo houve, depois, em que a Junta de Turismo, pela mão de Abreu Nunes, pugnou pelo seu aproveitamento como importante foco de visitas turísticas. A morte de Abreu Nunes abriu caminho a um longo período de abandono, não sem que, no âmbito das comemorações dos 600 anos de elevação de Cascais  a vila, em 1964, se tenha mandado fazer, por iniciativa de D. António Castelo Branco, casas-abrigo para proteger as duas entradas.

Em 1983, o projecto retomou-se, ao tempo de Helena Roseta, mas as inundações deitaram tudo a perder. Em 2008, a Câmara viria a encomendar ao Doutor Victor S. Gonçalves, docente de Pré-História na Faculdade de Letras de Lisboa, o estudo exaustivo do que sobre as grutas se conhecia; daí resultou a monumental monografia «As Ocupações Pré-históricas das Furnas do Poço Velho (Cascais)», editada pela Câmara Municipal.

Abrir as grutas ao público foi, porém, sempre um anseio por concretizar. No Museu da Vila estavam os artefactos mais significativao aí encontrados – sim, porque as grutas foram necrópole na Pré-história! Outros há no Museu Geológico e Mineiro, em Lisboa.

artefato zoomorfo usado como pendente

Se o recurso à informática possibilita visitas virtuais, a emoção de penetrar no ventre da terra, acocorar-se aqui para não bater com o capacete na rocha, parar num dos recônditos que bem orquestrada iluminação logrou realçar… é outra coisa! Não para claustrofóbicos, claro, mas para quem adora a aventura, descobrir aquelas estalactites adossadas a uma das paredes, imaginar que numa daquelas covas poderão ter sido sepultadas pessoas há cinco mil anos!

Severino Rodrigues, Chefe da Divisão de Arquivos e Património Histórico do Município explicou, em linhas gerais, a história do monumento e manifestou quanto fora do agrado de toda a sua equipa e de todo o Departamento do Património chegar àquele momento.

Severino Rodrigues com os primeiros visitantes

Devidamente munidos de capacete e guiados por técnicas do Departamento, em fila mui cautelosa, embrenhámo-nos nas cavernas para, aí uns minutos quinze / vinte depois, sairmos do outro lado, a ver de novo a luz do Sol.

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