Está quase tudo errado no futebol. O termo “quase” é aqui utilizado de modo cautelar, porque a convicção é de que está mesmo tudo errado no futebol.
As suspeições de trafulhices a diferentes níveis são constantes, desde a compra de árbitros, suborno de jogadores para resultados combinados, desvio de fundos em comissões ilegais, corrupção, a lista de possíveis trambiques é longa.
O caso mais badalado tem sido o de Luís Filipe Vieira, nos últimos tempos, mas já tivemos suspeições idênticas com Pinto da Costa, Bruno de Carvalho, entre outros. Raramente as investigações conduzem a sentenças judiciais condenatórias. Ficamos com a sensação de que a justiça não tem pernas para este jogo, mas na opinião pública permanece a crença no ditado popular “onde há fumo há fogo”.
O whistleblower (denunciante) do Football Leaks, Rui Pinto, não se cansa de deixar pistas sobre os desvios de dinheiro do Benfica para benefício indevido de terceiros, mas o facto de ser portista confesso cria-lhe muitos anticorpos entre os benfiquistas que, apesar do que se passou com Luís Filipe Vieira, continuam a tentar varrer o lixo para debaixo do tapete.
Na verdade, o hacker também dá umas bicadas no seu próprio clube. Talvez Rui Pinto merecesse mais crédito na opinião pública, mas conhecendo a clubite existente no ADN tuga, estamos a falar de uma improbabilidade.
A última notícia publicada em jornais de “referência” descreve o achamento de um bloco de notas em casa de um empresário de futebol, onde constam anotações manuscritas sobre comissões e percentagens pagas a LFV.
A acreditar nas notícias, na prática não há transferências no futebol português que não impliquem esquemas de lavagem de dinheiro, com a utilização de uma série de intermediários, o recurso a contratos e subcontratos, canais que permitem o escoamento de dinheiro para entidades normalmente sedeadas em offshores de que podem ser beneficiários finais os dirigentes clubísticos envolvidos.