O cante alentejano morre com a pandemia

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A pandemia afeta todos os aspetos da vida das pessoas. Agora ficámos a saber que até mesmo as tradições e a cultura estão em risco. É o caso do cante alentejano, segundo reporta a agência noticiosa Lusa ao difundir declarações de Paulo Lima, antropólogo, um dos responsáveis pela classificação do cante como Património Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco.

“Muitos grupos corais estão envelhecidos, é provável que o ‘rombo’ seja muito grande”, diz Paulo Lima baseando-se na alta mortalidade do covid-19 nas faixas etárias acima dos 70 anos.

A estimativa não tem base científica, trata-se apenas de uma perceção de quem está a observar os efeitos da pandemia em aldeias alentejanas onde havia dois ou três grupos corais, maioritariamente constituídos pelos mais velhos. E além das possíveis baixas provocadas pelo coronavírus nos grupos corais, há que contar também com outro fator: “as pessoas têm medo” de voltar a juntar-se, diz Paulo Lima.

“O cante é coletivo. Não dá para estar um aqui e o outro a dois metros. Os grupos corais vivem dos convites, dos convívios e o que noto é o medo. As pessoas não se querem juntar”, afirma Lima.

O cante alentejano, um canto coletivo, sem recurso a instrumentos, foi classificado em 2014 como Património Cultural Imaterial da Humanidade.

Este sábado, 13 de agosto, inaugura-se o Museu do Cante, em Serpa.

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