Em 2017 “caiu o Carmo e a Trindade” quando o holandês Jeroen Dijsselbloem, numa entrevista ao jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung, disse (referindo-se a Portugal) que “não se pode gastar todo o dinheiro em copos e mulheres e depois pedir ajuda”. O Governo português, na altura, empertigou-se todo e coadjuvado por toda a restante classe política, da extrema-direita à extrema-esquerda, pediu o afastamento do ministro holandês da presidência do Eurogrupo.
Hoje, depois de termos visto o eurodeputado Paulo Rangel a caminhar aos esses pelas ruas de Bruxelas, continuamos a achar que uma bezana não passa disso mesmo e que não há Dijsselbloem que nos faça mudar de ideias, mesmo se porventura diz verdades chatas.
Rangel não pede desculpa, argumenta que o vídeo foi filmado “depois de um excesso num jantar de amigos”, o que nos parece ser uma evidência incontestável. Cada qual embebeda-se com quem quer, e faz as figuras inerentes quando nenhum dos amigos se dispõe a levá-lo a casa. Sempre se tinha evitado este tipo de cenas em público.

Paulo Rangel desconhece quem o gravou. Pode até ter sido um desses amigos, sabe-se lá. Na política e no amor tudo é possível. No Twitter, Rangel lembra Sérgio Godinho, cita-o ao dizer “todos temos glórias, terrores e aventuras”. Outra verdade inabalável. Quem nunca apanhou uma bezana de caixão à cova que atire a primeira pedra.
Mas da fama que Dijsselbloem nos colou à pele, ninguém nos livra. E o vídeo de Rangel há de fazer prova em futuras negociações com os holandeses.
O deputado Paulo Rangel devia pedir desculpas. Não o cidadão, mas o eurodeputado. É lamentável ver pessoas que representam os portugueses neste estado. Se não pode portar-se bem, escolha outra vida.