Um delegado de propaganda médica não faria melhor. A história é a seguinte: o presidente da Câmara Municipal de Cascais quer que Portugal produza a vacina russa Sputnik. Carlos Carreiras disse à Lusa que mexeu os pauzinhos e está a negociar com as autoridades russas a produção da Sputnik V, depois das devidas autorizações das autoridades europeias e portuguesas.
A ideia pode não ser má, mas talvez seja inviável. O próprio autarca sabe que o processo de fabrico da vacina inclui várias fases e nem todas podem ser desenvolvidas em Portugal. Ainda assim, segundo cita a Lusa, “o país tem capacidades para ficar a cargo do enchimento das vacinas”. A Lusa não explica em que consiste esse passo da produção da vacina.
Carreiras frisou que existe a possibilidade de Portugal fabricar a Sputnik V para países terceiros, nomeadamente, países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP). “Não podem ser os ricos a ter acesso às vacinas e os com menos recursos a não ter acesso”, observou o autarca, vincando que os interesses económicos ou geopolíticos não podem sobrepor-se à saúde.
Interessante este conceito de “ricos” e “pobres”. É que entre os Palop está um grande produtor de petróleo, um outro que tem as maiores reservas de gás natural do Mundo, e não estamos a contar com o potencial em hidrocarbonetos no offshore de São Tomé e Príncipe.
Questionado sobre as empresas identificadas com capacidade para produzir a vacina, Carlos Carreiras disse que o Governo selecionou 11 e a Câmara de Cascais outras, escusando-se a avançar nomes.
(com Lusa)