Um bom líder faz toda a diferença. As capacidades de liderança podem levar indivíduos, grupos de pessoas e nações a vitorias gloriosas. No caso contrário, quando aceitamos líderes fracos, podem acontecer desastres trágicos. Isto são evidências que todos reconhecemos e, ainda assim, muitas vezes elegemos gente completamente incapaz, só porque encantam meia dúzia de inaptos com bitaites que parecem verdades inabaláveis.
Isto que estou para aqui a dizer é válido em tudo na vida, nota-se mais em algumas áreas que noutras, como é o caso do desporto, por exemplo. Uma equipa desportiva sem liderança jamais ganhará alguma coisa que se veja.
Na qualidade de modesto praticante desportivo e ocasional Vereador do Desporto na autarquia de Leiria, tenho noções concretas sobre o conceito de liderança desportiva e de como essa liderança pode influenciar o carácter dos indivíduos e até moldar comportamentos sociais. Dada a sua crescente importância económica, e influência cultural e social, qualquer liderança na área do desporto deverá observar os códigos da ética que, nem sempre em linha reta, o avanço civilizacional tem vindo a implementar. Sem constituir uma exceção, pois o espírito competitivo faz parte da própria matriz humana, ressalta da prática desportiva que o objetivo central é fazer mais e melhor do que os outros: um desejo de vencer que, não raro, conduz a paixões exacerbadas e a comportamentos deploráveis.
O desporto é, contudo, como nenhuma outra atividade humana, um espaço de liberdade e de igualdade, a “praia” onde todos gozamos de reais oportunidades e a escola ideal para “treinar” o respeito pelos adversários em são convívio e no cumprimento das regras mais elementares. Por isso, qualquer liderança que se foque na vitória a qualquer preço, e que não observe os valores que nos deverão reger a todos, sem exceção, acaba fatalmente por promover efeitos nefastos na personalidade humana e, não raro, conduz a consequências desastrosas em equipas, e mesmo em coletividades, onde o “vale-tudo” se torna regra. O desporto não é necessariamente um fator de promoção humana, podendo a sua prática promover comportamentos desajustados que comprometem o rendimento individual e o de toda a equipa.
Assim, para além da necessidade de observação escrupulosa da ética desportiva, sabe-se que qualquer plantel “adoece” se for vítima de falhas grosseiras de compromissos ou se assistir a guerras intestinas, desorientação diretiva ou quaisquer outros atos indignos, sem consequências. Mas, para além destes aspetos negativos, incontestáveis, há que ter em conta a crescente exigência de conhecimentos técnicos e também uma atenção muito especial pela motivação pessoal e do coletivo, aspetos hoje decisivos na qualidade.
Um líder em sociedades como as desportivas, em que é o mérito, e não a cunha ou o compadrio, a causa primeira do sucesso e da promoção na carreira, tem de ser alguém que, para além de conhecimentos técnicos em constante desenvolvimento, deverá saber ganhar a confiança e o respeito de todos os demais envolvidos, seja diretor, treinador ou simplesmente “capitão-de-equipa”. Um líder tem que ser um amigo. Dificilmente, alguém que não goste dos outros, e não seja um amigo, poderá liderar com sucesso, e por muito tempo, qualquer projeto coletivo, seja em que área for.
No desporto e na vida, a pressão ou o medo nunca poderão ser as “armas” mais indicadas para, logo pela manhã motivar alguém, atleta ou cidadão, a fazer mais e melhor quando se vê ao espelho.