Cascais, diamante ou pechisbeque

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A construção em massa, apelidada de desenvolvimento, tem tido Cascais como palco. Interesses particulares em detrimento do bem comum, têm tido o apoio incondicional do executivo camarário, enquanto outras áreas, designadamente a política sanitária, o planeamento urbanístico e a segurança social, continuam a ser secundárias. A autarquia permite que se comece a casa pelo telhado.

Alguns movimentos cívicos tentam trazer a público os perigos desta “euforia construtiva” e debater o seu impacto na qualidade de vida dos cascalenses, mas a sua forma de luta é fragilizada por máquinas de comunicação com meios suficientes para dividir opiniões. O foguetório faz o resto.   

Cascais fica assim dividido entre a azáfama de obras, o recorrente aumento populacional e consequente impacto na estrutura social, em detrimento de uma vida melhor que tenha como base a requalificação e melhoramento das estruturas existentes – aumentando o investimento no interior do concelho, mantendo uma política de respeito pelo meio ambiente e promoção da identidade cultural. Se para alguns, betão é progresso, para outros representa a perda da identidade que tornaram Cascais valioso.

A geografia é propicia à aposta na qualidade, mas o caminho escolhido tem sido a massificação.

O aumento dos investimentos centrados na linha de costa e locais privilegiados cria assimetrias no território, gerando questões dogmáticas no plano do serviço público com consequências no âmbito da gestão territorial.

Cascais é um diamante que alguns querem transformar em pechisbeque aperaltado. Ficamos como? Diamante ou pechisbeque? O valor de um depende da raridade, do outro de parecer ser alguma coisa.

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