Depois de três rondas de neociações entre o Irão e os EUA, parece afastado o perigo imediato de um ataque norte-americano. Mas permanece a possibilidade de um ataque israelita.
Em abril, Netanyahu foi a Washington em busca do apoio de Trump para ataques militares às instalações nucleares do Irão. A reunião com Trump aconteceu 24 horas antes do anúncio sobre o início de conversações com o Irão. O primeiro-ministro israelita não deve ter ficado contente com a possibilidade de não haver guerra com o Irão.

Depois disso, em apenas três semanas, os EUA e o Irão realizaram três rondas de negociações com o objetivo de impedir Teerão de construir uma arma nuclear. Em troca, não haverá guerra e os americanos aceitam alíviar as sanções. Uma quarta ronda deverá ter lugar em Roma em breve.
Segundo a agência Reuters, os pontos que estão a ser discutidos visam garantir que o Irão não poderá construir uma bomba atómica. Para tal, terá de desmantelar milhares de centrifugadoras e diminuir o stock de urânio enriquecido de que já dispõe. Além disso, o Irão terá de permitir que a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) fiscalize as suas instalações nucleares e verifique todo o programa nuclear do país.
Irão e EUA já tiveram um acordo estabelecido sobre produção de energia nuclear, mas foi o próprio Trump a denunciar esse acordo em 2018 durante seu primeiro mandato. Desde então, o Irão ficou livre de compromissos e desenvolveu um programa nuclear, alegadamente com vista a produção bombas atómicas. Na verdade, até agora, o Irão tem apenas uma central nuclear de produção de energia e que é alimentada com urânio enriquecido importado da Rússia.
A Rússia estabeleceu recentemente um acordo com o Irão que prevê o reforço da cooperação nas áreas da segurança e da defesa. Os termos concretos do acordo não foram revelados. Em política internacional, o bluff é uma tática muito utilizada.

O Irão diz que tem o direito de produzir energia a partir de centrais nucleares e aceita que a AIEA inspecione as instalações. Sobre a capacidade de enriquecer urânio, o Irão também pretende continuar a fazê-lo mas diz aceitar limites ao processo e é isso que também está a ser discutido com os EUA.
Netanyahu exige “enriquecimento zero” e o desmantelamento da infraestrutura nuclear iraniana. Quer arrasar com tudo e é nisso que reside o perigo. Um bombardeamento israelita a instalações nucleares iranianas pode resultar numa catástrofe de grandes dimensões e com repercussões prolongadas no futuro.
Tudo isto poderia ter sido evitado se Trump não tivesse rasgado o acordo que existia com o Irão.