VENDEM GATO POR LEBRE

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A agência de notícias Reuters publicou um alerta sobre jogos nas bolsas de valores que estão a degradar o real valor dos títulos. Segundo a Reuters, há cada vez mais empresas a praticar o eufemisticamente designado “exercício de gestão de passivos”, que consiste no seguinte truque: a empresa vende títulos de dívida e passa os ganhos para uma subsidiária. Essa subsidiária ”empresta” o dinheiro à primeira empresa, torna-se credora. Nessa condição, adquire tratamento de privilégio em caso de falência, os direitos dos verdadeiros investidores ficam preteridos face ao “principal” credor. A marosca tem contornos técnicos e legais específicos que ajudam a defender o indefensável de modo a proteger os direitos dos batoteiros.

É complicado de perceber, até porque mesmo os jornalistas desta área usam e abusam de termos técnicos e jargão economês que os leigos não conseguem decifrar, mas se dissermos que é um esquema que parece aldrabice e que faz lembrar contos do vigário, percebe-se melhor.

Os prejudicados são os que compram esses títulos, não só porque desvalorizam rapidamente mas porque não há garantias de retorno do investimento feito. Dirão que só lá vai quem quer, mas não é essa a questão. A primeira questão é que o logro tem cobertura legal. A segunda questão é que não se consegue enganar toda a gente o tempo todo e, um dia, a bolha rebenta. A terceira questão é que quando rebentar, o efeito sistémico poderá dar cabo de muitas economias nacionais ao redor do globo. Já vimos isso acontecer antes.

Segundo a opinião de vários especialistas citados pela Reuters, 90% dos títulos de risco e empréstimos de alto rendimento que estão no mercado bolsista agora, são vendidos sob regras de proteção fracas para os investidores. E as empresas que alimentam esse mercado usam o dinheiro que recebem para pagar dívidas vincendas ou simplesmente permanecer solventes. Ou seja, são empresas descapitalizadas, sem lucros, poderiamos dizer falidas. Mas a fazer figura de ricos.

O que leva milhões de pequenos investidores a entrar nisto é a miragem de elevados ganhos. Muitas pessoas que têm poupanças ou que receberam heranças ou obtiveram alguns lucros num negócio qualquer, são atraídas por promessas de enriquecer sem sair do sofá. Um engôdo que não falha.

Diz a Moody’s (citada no mesmo artigo da Reuters) que cerca de 13,5% da dívida que analizou está em risco de incumprimento a curto prazo. Serão cerca de 400 mil milhões de dólares de títulos vendidos e que os investidores correm o risco de não ter a devida remuneração.

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