O LIVRO DA CASA

Admito que a minha ligação a este local começou com a curiosidade, essa ligação primordial ao património que nos motiva  a querer saber mais. Inicialmente, tive a curiosidade em perceber se esta casa abandonada há tanto tempo, em ruínas, resistiria à pressão imobiliária para dar lugar a mais um prédio... Depois, nasceu a esperança quando soube que tinha sido adquirida pela Câmara Municipal de Cascais! O que iria surgir dali? Fui observando, espreitando de longe... Mais tarde, surgiram uns painéis explicativos e começaram as obras. Em 2023, recebi o convite para a inauguração. Não podia estar mais satisfeita com o resultado, refletido também no livro que tive o privilégio de apresentar.

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Ao longo de 160 páginas, redigidas em português – sugiro uma versão bilingue, em inglês, numa futura edição – abundantemente ilustradas / complementadas com fotografias atuais e antigas, o Livro articula, tal como a exposição, as pessoas, as comunidades, os territórios e os patrimónios, numa constante relação passado/presente e presente/passado.

O Livro/Roteiro está naturalmente organizado de acordo com o itinerário do Centro de Interpretação. Ao longo das 9 salas da casa, a publicação apresenta uma visão abrangente sobre os vários aspetos que permitem conhecer, compreender, comunicar, logo, valorizar as existências saloias. Por um lado, destaca-se a base económica da subsistência – a agricultura e as pedreiras – e, por outro, a casa saloia, eixo das vivências desta região.

Este Livro é uma verdadeira viagem que nos conecta ao passado, não muito distante, mas que o ritmo acelerado dos dias tende a fazer esquecer. Um esquecimento que é, no entanto, refreado pela criação deste inovador equipamento cultural e, claro, pela publicação de que hoje vos falamos.

Além de ser um guia da exposição, o Livro é uma ferramenta de preservação e educação. Ao documentar a coleção e exposição, serve como memória e recurso para a comunidade em geral, mas também para os investigadores e estudantes em particular. É uma ajuda preciosa para alargar o acesso ao acervo do Centro de Interpretação, alcançando um público mais vasto, promovendo a coesão social, o sentido de pertença e o orgulho comunitário. Há uma procura incessante em fazer mais, fazer melhor, descentralizar o acesso à cultura e valorizar as franjas do concelho, menos ‘mediáticas’, mas nem por isso menos importantes, porquanto estruturantes da identidade do município.

Deixo um convite:  para que cada um, ao seu ritmo, explore o livro que nos ajuda, seguramente, a ‘desembaciar o olhar’ sobre a cultura saloia, complementando com a fruição da exposição e das múltiplas tertúlias que aqui ocorrem e que são aguardadas com o entusiasmo com que se espera um grande amigo, num percurso de “Rotas, Redes e Conexões” que são, afinal, o alicerce da vida.

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