Para Almudena, fotografia artística é uma cena efémera impressa em folhas de plantas ou, mesmo, em plantas vivas. O resultado é surpreendente.
“A minha pesquisa inicial avançou muito”, diz amiúde Romero, em diferentes entrevistas publicadas. “As plantas eram os meus objetos de pesquisa, mas agora considero as plantas como artistas, performers e meus pares”, tenta ela explicar.
Para percebermos, temos de olhar para o trabalho que faz. Por exemplo, ela consegue imprimir fotografias em telas de agrião vivo. Para o agrião não morrer, tem de ser regado. E à medida que o agrião cresce, a fotografia impressa vai desaparecendo. Pode ser admirada durante uns dias, apenas.
Romero usa luz solar para imprimir imagens nas plantas. A luz solar, através de um negativo colado na planta, cria um processo simples de branqueamento. Ela gosta de imprimir as próprias mãos em folhas.
O trabalho de Romero é experimentação, fundamentalmente. Até agora, ela tem pesquisado sobre plantas que tenham maior capacidade para serem utilizadas como papel fotográfico. “Cada química vegetal é diferente”, explica. Assim como nosso código genético predispõe o quanto seremos capazes de bronzear ao sol, Romero descobriu que “plantas de diferentes países têm diferentes capacidades de resistir à luz”. Da mesma forma que os seres humanos têm níveis variados de melanina para proteger a pele da luz solar, as plantas nativas de lugares ensolarados – como palmeiras, abacates e bananeiras – também têm uma maior resistência à luz.
As folhas secam, as plantas vivas crescem, as imagens que Romero lhes imprime acabam por desaparecer, não se trata de arte que possa ser pendurada em paredes ou guardada para enriquecer coleções de egoístas ricos.
Em Londres, a artista está a trabalhar num projeto de grande envergadura: cultivar a maior fotografia de sempre. Para produzir a obra de arte, Romero utilizará diferenças genéticas no trigo para obter variações de cor e sombra. O projeto, “Farming a Photograph” (cultiver a fotografia), cobrirá 30.000 metros quadrados, o equivalente a nove estádios de futebol. É difícil imaginar como será possível concretizar tal ideia, mas estamos cá para ver.