Há programas de televisão que prestam um serviço prestimoso à comunidade. Não só pelo entretenimento que proporcionam, mas por desmancharem estigmas e preconceitos. Estamos a pensar no caso particular do The Voice Kids.
Esta temporada, além dos miúdos cantores que parece que nascem todos os dias, o painel de mentores é notável. Não podia ser um grupo mais diverso.
Temos a Bárbara Tinoco, uma cantora que nasceu na televisão, precisamente neste programa de talentos, na versão adultos, o The Voice Portugal. Bárbara é o exemplo do que a televisão consegue construir em termos de popularidade e sucesso.
Temos o Carlão, um rapper com origens caboverdianas, nascido em Angola, a viver em Portugal desde pequenino. É o caso oposto de Bárbara, quando Carlão chegou à televisão já era homem feito e artista de renome. Claro que, agora, não há quem não o conheça.
Temos a Cuca Roseta, uma menina da linha de Cascais, que começou a cantar no coro da igreja dos Salesianos, no Estoril. Sobrinha de um antigo ministro de um governo PSD, descobriu vocação no fado e criou um modo de vida irreverente que choca com os paradigmas da menina bem comportada.
E temos Nininho. Como qualquer outro cigano, fez-se à vida. Começou a tocar guitarra e a cantar no YouTube, onde já soma mais de 67 milhões de visionamentos dos seus videoclips musicais. Mas depois desta temporada no The Voice Kids, a comunidade dos ciganos portugueses tem um novo herói. É uma responsabilidade enorme para Nininho. É um serviço enorme que a RTP está a prestar à sociedade.
Na pantalha, a RTP mostra-nos um cigano novo, uma nova imagem que estilhaça com os estereótipos racistas. Educado, bem falante, charmoso, profissional, Nininho Vaz Maia será um exemplo a ser copiado, não apenas pelos ciganos.
Gostei que tivesses feito esta crónica. Sou da tua opinião. Um programa onde o humanismo ultrapassa de longe a competição, onde as crianças são tratadas como PESSOAS. A presença do Nininho e as suas atitudes são verdadeira pedrada no charco.