BRASIL: A EXTREMA-DIREITA E O ÓDIO AOS POBRES

MULTAS PARA QUEM AJUDE OS POBRES SEM-ABRIGO

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O Brasil é uma federação de Estados, um pouco à semelhança dos EUA. Isto é, existe um Governo federal e cada Estado tem as suas próprias instituições de governação. Isto para dizer que é possível haver um Governo federal de esquerda e governadores estaduais ou vereadores municipais de direita ou extrema-direita, o que origina uma salada de legislações que se contradizem dentro da Federação.

Só assim se percebe que havendo um Presidente da República de esquerda, o Estado de São Paulo tenha aprovado uma lei que prevê multas a quem dê comida na via pública aos… pobres.

A lei foi proposta pelo vereador paulista Rubinho Nunes, do Partido Movimento Brasil Livre (MBL). A multa prevista é de 17 mil reais, cerca de 2800 euros. Não é pouco dinheiro. Mas a raiva contra os pobres parece justificar todos os exageros.

O vereador Rubinho Nunes

O projeto foi aprovado com a justificativa infame de acabar com o “tráfico de marmita”. Não existe, no entanto, qualquer tipo de “tráfico”. Os alimentos são dados, oferecidos, por organizações ou pessoas individuais, a quem vive na rua e passa fome. Acontece o mesmo por todo o lado, aqui em Portugal existe o mesmo tipo de solidariedade e humanismo, que envolve um bom número de organizações, desde ONGs a IPSS, as Misericórdias, gente anónima.

Na teoria, a ideia era criar “protocolos de segurança alimentar para pessoas em vulnerabilidade social”. Na prática, dificultava que ONGs ou voluntários por conta própria distribuíssem alimentos aos sem abrigo. O projeto foi aprovado em 32 segundos.

Depois disto, a polícia começou a investigar o vereador Rubinho Nunes, mas não por causa da lei. Acontece que o vereador Rubinho tem cavalgado uma campanha de difamação contra o padre Júlio Lancellotti. As acusações de Rubinho Nunes contra o religioso, conhecido pelo trabalho no apoio aos sem abrigo de São Paulo, vão de “máfia da miséria” à pedofilia. São acusações que se repetem desde 2020, mesmo se todas as investigações contra o padre têm sido arquivadas pelo Ministério Público.

padre Júlio Lancellotti

Acontece que Rubinho Nunes insiste. O vereador publica as suas acusações no Facebook e paga para que sejam disseminadas profusamente nessa rede social. Segundo publicou o jornal online Intercept Brasil, Rubinho Nunes terá pago, em fevereiro e março deste ano, cerca de 15 mil reais (2500 euros) em publicações acusatórias contra o padre católico. Num desses textos, em que o vereador acusou o padre de ser pedófilo, pelos 3 mil reais pagos (cerca de 500 euros) a publicação atingiu 100 mil pessoas.

Perante isto, foi apresentada queixa na polícia por difamação, e a conduta do vereador vai ser investigada. Diz a queixa que o vereador acusa o padre “mesmo sem qualquer indício de conduta criminosa por parte do pároco, com única motivação de produzir ganho pessoal de capital político”.

1 COMENTÁRIO

  1. Como é possível construir a Paz, quando tamanhas torpezas são inventadas para recolha de dividendos políticos?
    A segurança dos que estão em “vulnerabilidade social” é terem alimentação diária, como têm os senhores vereadores que alinham em projectos destes.
    Em vez de pagarem para espalhar ou fazer espalhar calúnias, deviam pagar do seu bolso, e distribuir com o seu esforço, as refeições que os benfeitores pagam e repartem com a genuína preocupação de erradicar a fome e a miséria social.
    A completa subversão de valores deste mundo é triste.

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