Não, não há Charleston.
Há guerra na Ucrânia.
Não há falta de álcool.
Há álcool a mais.
Não há Picasso, Dali, Scott e Zelda Fitzgerald, Josephine Baker e tantos outros. Não há Manifesto Surrealista, nem Gabrielle Chanel e o seu famoso Chanel nº5.
De paralelismo, só a procura do prazer, de usufruto da vida noturna e de renovação artística (se pensarmos em Joana de Vasconcelos, por exemplo).
Hitler publicava o seu “Mein Kampf”, Mussolini chegava ao poder. Hoje, os partidos de Direita ganham espaço (que medo…); a terceira guerra mundial é uma hipótese, o aquecimento global um problema… mas que se lixe. Tudo se dilui num qualquer festival de verão, numa concentração motard ou numa sardinhada em Portimão.
Cinema? Troquemos a Greta Garbo pela Barbie… Afinal, hoje o cinema já tem som e até é a cores e rosa é a cor do momento… e o Ken o protótipo de ‘Homem Ideal’. O Leonardo da Vinci era um “Velho do Restelo” que só pintava meios-sorrisos e precisava de fazer esboços antes de pintar um quadro…
Há 100 anos Gago Coutinho e Sacadura Cabral realizavam o seu voo intercontinental. Hoje, um IPhone faz maravilhas… e voa à velocidade da Internet.
Há 100 anos tivemos artistas como Max Ernst, Pablo Picasso, André Breton, Joan Miró, Man Ray, Marcel Duchamp, Salvador Dali, Paul Klee, Vassili Kandinski. Hoje temos…? Ah! Correntes de artistas de “sorrisos de tom histérico e perturbador”, de “cenas violentas de conflitos bélicos”, de “pinturas invertidas”, de “tropicalismo e parangolés” …. seja lá o que isso quer dizer.
Há 100 anos havia o Jazz, o Foxtrot, o Charleston, os Blues, o Swing… a época em que o bairro do Harlem, em Nova York, se tornava a capital da cultura negra. Bessie Smith, Duke Ellington e Bill “Bojangles” apresentavam-se no Cotton Club, no Baron’s e no Leroy’s.
Hoje, tudo se substitui por um DJ… Umas coreografias de “resorts tudo incluído” e pronto. Toda a gente se mexe ao som de “Follow the leader, leader, leader… follow the leader…” e é o máximo!!!
Albert Einstein, Fernando Pessoa, James Joyce, o direito de voto das mulheres nos EUA, a Bauhaus, a Metro-Goldwin Mayer, o Surrealismo, o Cubismo, o Dadaísmo, o primeiro filme falado, a televisão, o Ford Model T… sei lá! Não saía daqui hoje!

E hoje? Ora vamos lá a ver:
Hoje temos maravilhosos artistas urbanos que requalificam os bairros suburbanos com verdadeiras obras-primas… e cujos nomes desconhecemos.
Artistas de efémera arte em areia cujas obras achamos inacreditáveis … e cujos nomes desconhecemos.
Artistas que pintam a giz as calçadas das cidades por meia dúzia de tostões do transeunte que passa… e cujos nomes desconhecemos.

Artistas que vemos no Youtube que se apresentam com uma guitarra, um violino, ou um instrumento mais peculiar a dedilhá-lo de forma exímia em plena rua… e cujos nomes desconhecemos.
E quem aposta nestes virtuosos? Ficarão para a História? Terão que concorrer ao Got Talent ou similar para terem algum reconhecimento?
Gerhard Richter, Yan Pei-Ming, Yue Minjun, Anselm Kiefer, Philippe Garel, Gérard Garouste, Martial Raysse, Miquel Barceló, Vladmir Veličović, Georg Baselitz, Pierre Soulages, Marlene Duma, Héio Oticica. Os tais dos “sorrisos de tom histérico e perturbador”, das “cenas violentas de conflitos bélicos”, das “pinturas invertidas”, das cenas de “tropicalismo e parangolés”. A sério. Alguém conhece algum destes artistas de renome deste século XXI? OK. Ao fim ao cabo, nestes “Loucos anos ’20 do século XXI”, quem se distingue?

“And the Oscar Goes To…” Já sei! Aos políticos do costume…
Vladimir Putin. António Costa. João Costa (não poderia deixar de ser laureado. Afinal, sou Professor…). Ursula Von Der Leyen. Donald Trump. Joe Biden. Xi Jimping. Christine Lagarde. Emmanuel Macron. Kim-Jong-Un. Lula da Silva. Jair Bolsonaro… Estamos “feitos ao bife” …
Desta maneira, não ficam para a História “Os Loucos Anos ’20 do Século XXI”, mas sim “Os Loucos DOS Anos ’20 do Século XXI” … se é que me fiz entender…
Que Mundo…