Terminou a 27 de maio uma greve de fome iniciada dia 4. Ezequiel Costa Ribeiro esteve em luta durante 23 dias, sem comer, num protesto contra o sistema prisional que o mantém numa cela há 37 anos.
Ezequiel é um doente do foro psiquiátrico. Cometeu crimes, é certo, mas deveria estar internado num hospital, talvez num hospital com condições de segurança suficientes para impedir que possa voltar a cometer crimes, mas não condenado a passar toda a vida numa cadeia.
Em comunicado, a Associação Portuguesa de Apoio ao Recluso (APAR) informa que a greve de fome foi interrompida porque comunicaram a Ezequiel que a Assembleia da República tinha aprovado “uma lei que põe fim à possibilidade de carácter perpétuo das medidas de segurança retirando, do ambiente prisional, os inimputáveis após o cumprimento da pena de privação da liberdade (Proposta de Lei Nº. 24/XV/1ª (GOV). “
“É, finalmente, o fim da prisão perpétua para os inimputáveis”, congratula-se a APAR. E todos os portugueses decentes, atrevemo-nos a dizer.
Ezequiel entrou na cadeia em 1986, condenado a uma pena de dezanove anos de prisão por homicídio. Deveria ter sido libertado por volta de 1998, cumpridos 2/3 da pena. Mas, tendo sido declarado inimputável, posteriormente à condenação, nunca mais o deixaram sair.
