Muita gente aguardava a entrada no Salão Preto e Prata aí uns dez/quinze minutos antes da hora aprazada para o começo: as 21.30. O sinal de arrancada só, porém, quase às 22 se fez sentir. E viemos a saber porquê: coisas de aviões! As meninas voaram do Rio para Madrid, de Madrid para o Porto, do Porto para Lisboa e, a correr, demandaram o Estoril. O maestro Nikolay Lalov disponibilizou-se a emprestar instrumentos, alguns das meninas tinham ficado nas malas (até a batuta da maestrina não quis aparecer!) e a Orquestra Sinfónica Juvenil de Cascais, dirigida pelo maestro Miguel Fialho, foi a primeira a actuar, a fim de se dar algum tempo para as meninas se refazerem, na medida do possível, do cansaço da atribulada viagem.
Se foi espectáculo bonito de se ouvir? Naturalmente, foi! Diversificado, como fora prometido, composições clássicas e trechos de compositores brasileiros (ai, a imprescindível e sempre bem-vinda garota de Ipanema, e aquele ‘Tico-tico no Fubá’ que Carmen Miranda celebrizou!…), sempre com arranjos originais e de óptimo recorte, a dar oportunidade a solos que justamente se aplaudiram.
As meninas estavam felizes com esta primeira paragem da sua incursão por terras europeias, na digressão comemorativa do bicentenário da independência do Brasil. A maestrina Priscila Bomfim foi explicando tudo o que se ia cantar e era manifesto o seu regozijo. O maestro Miguel Fialho deu o seu apoio.
A Primeira Dama do Estado do Rio de Janeiro, Analine Castro, falou do seu contentamento. O Sr. Presidente da Câmara Municipal de Cascais, «pai de cinco filhas» (como fez questão de referir), declarou-se muito agradado por estas meninas da Orquestra Sinfónica Juvenil Chiquinha Gonzaga haverem escolhido a música qual via ideal para o exercício da cidadania.
Trocaram-se presentes, como é da praxe. O Município de Cascais fez questão de obsequiar com a cópia da carta de alforria da vila em relação a Sintra, outorgada, em 1370, por el-rei D. Fernando. Uma «independência» de mais de 650 anos!», frisou-se.
Em suma, alegria contagiante a marcar este espectáculo, que já tivéramos ocasião de anunciar aqui, dando conta da excelência do projecto que lhe está na origem: a inserção de meninas das escolas públicas do Rio de Janeiro.
Cascais sentiu-se honrado por ter sido palco desta primeira actuação da Chiquinha Gonzaga em solo europeu! Os aplausos não se regatearam, de pé, e ninguém deu por mal empregues as menos de duas horas de música contagiante a que tivera o privilégio de assistir.
Fotos de Luís Bento (Câmara Municipal de Cascais) e Ana Salgado