O dinheiro vivo terá sido dado a Carlos pelo ex-Primeiro Ministro do Qatar, Sheikh Hamad bin Jassim bin Jaber al-Thani, proprietário do clube de futebol francês Paris Saint-Germain e um dos maiores investidores de imobiliário em Londres.
Hamad al-Thani foi responsável por canalizar milhares de milhões de libras em investimento para o Reino Unido, incluindo o mais alto edifício da capital inglesa, The Shard, as lojas Harrods e o hotel Intercontinental London Park Lane, entre outras propriedades multimilionárias.
A alegação consta de um relatório agora revelado e noticiado pelo The Guardian. Os molhos de notas terão sido dados ao Príncipe de Gales em três ocasiões, durante encontros pessoais entre Carlos e al-Thani. Se na primeira doação o montante foi entregue numa mala, ao estilo dos filmes de gangsters americanos, da segunda vez o dinheiro foi passado numa mochila e à terceira foi mesmo em sacos do supermercado Fortnum & Mason, que tem o contrato de fornecimento de mercearias à Casa Real do Princípe de Gales.

Segundo o relatório, os fundos terão sido entregues imediatamente a representantes da fundação The Prince’s Trust. Nada aponta, diz o relatório, para que al-Thani não tivesse a intenção de doar os montantes a esta instituição.
Interrogados, no âmbito do relatório, vários funcionários do Prince’s Trust confirmaram que a Fundação recebeu o dinheiro e foi depositado nas contas da instituição bem como inscrito nos documentos contabilísticos da mesma.
A residência oficial do príncipe, Clarence House, também confirmou que as alegações são verdadeiras e anunciou que, a partir de agora “não serão aceites mais doações directas em numerário para a Fundação The Prince’s Trust”.
Este caso não podia ter sido tornado público em pior momento para Carlos de Windsor.
Nos últimos meses já foram várias as acusações de que Carlos usou a sua fundação para esconder donativos feitos por milionários árabes – e não só –, para que o herdeiro do trono garantisse acesso a políticos e círculos empresariais no Reino Unido.
Estas doações terão sido sempre feitas a coberto de acordos com a fundação de Carlos, mas provocaram a dúvida no público sobre um possível esquema de corrupção ao mais alto nível do Reino.
O relacionamento de Carlos e Hamad al-Thani vem de há décadas. O Sheik qatari terá até atendido aos pedidos de Carlos para alterar um dos projectos imobiliários mais mediáticos e caros de Londres, Chelsea Barracks, à beira do Tamisa.
Carlos, claro, desmente qualquer benefício pessoal do dinheiro do Qatar. O relatório diz o mesmo que o herdeiro. Mas a dúvida está plantada na opinião pública britânica.
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