Contestação crescente às obras que estão em curso na antiga pedreira do Mato da Amoreira. Em causa está um espaço de 20 hectares que os munícipes gostariam de ver aproveitado para uso público, mas que corre o risco de vir a ser ocupado por um colégio privado.
Um grupo de moradores de Birre enviou à Câmara Municipal de Cascais um pedido urgente de fiscalização das obras. As pessoas estão alarmadas com asobras, com o número de árvores que estão a ser abatidas e com a extração blocos de pedra “Azulino”, uma pedra ornamental de grande valor comercial, rara.
Segundo os residentes, as obras decorrem sem as autorizações necessárias. Não se vislumbra qualquer aviso de obra e duvida-se que exista alvará para a extração da pedra.
“A empresa FreiPlana está a efetuar escavações extensas na zona sul da pedreira, numa área de cerca de 20 hectares (incluindo em zonas de vertente consideradas pelo PDM como de suscetibilidade moderada a elevada). Na zona de vertente ao centro e norte da pedreira, foram cortadas numerosas arvores, e aberto um caminho em torno da vertente, onde se podem ver várias arvores já sinalizadas para corte eventual. Como as obras estão a proceder a um ritmo muito rápido, parece-nos urgente para a CMC efetuar uma fiscalização”, dizem os residentes no requerimento que enviaram à autarquia.
Segundo a informação existente no GeoCascais, não foi atribuído qualquer alvará para a zona da pedreira, embora exista um pedido de loteamento (No. 2264, ano 2021) em nome de “O Parque, Ensino de Crianças, Ldt.”, que se encontra ainda em fase de apreciação. O loteamento ainda não foi licenciado pela autarquia.
Os moradores da zona temem que estejam a assistir ao fim do sossego e da qualidade de vida da zona onde moram. Segundo dizem, o colégio que ali querem construir será um edifício e estruturas anexas para 1200 alunos. Ou seja, se o colégio for ali implantado, os congestionamentos de trânsito passarão a fazer parte do dia-a-dia dos residentes.
Dizem, ainda, que o projeto que julgam conhecer vai ocupar a quase totalidade da área da antiga pedreira, que tem 49.340 m2. Ou seja, vai ser uma obra imensa. O impacto paisagístico será igualmente grande.
Apresentou-se, em tempos, para o local a proposta de – aproveitando os bancos de lioz à mostra, algum dos montes de terra que a exploração das pedreiras motivara, a existência de duas serrações de pedra em ruína – se dar conta, e não seria necessário verba avultada, do que fora a grande actividade de exploração de pedra em Cascais, numa espécie de singelo centro interpretativo sem grandes custos. Não mereceu apoio por parte da autarquia; pelos vistos, já teria outros fins, os lucrativos, em vista. Ah! o solo cascalense como enorme árvore das patacas e bons negócios da China!