Mercado de artesanato dos Artistas da Linha, no Jamor

Mais uma vez, os Artistas da Linha levaram a cabo a sua feira no Complexo Desportivo do Jamor, no concelho de Oeiras, domingo, dia 24 de Abril.

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Apesar das previsões que mencionavam chuva, o tempo pouco nublado foi recebido com optimismo pelos artesãos e artesãs que apresentaram os seus trabalhos aos visitantes.

“Aqui nesta zona, a tarde costuma ser mais forte do que a manhã”, revela Marina Coelho, do projecto Erva Saboeira. “A seguir ao almoço, as pessoas vêm passear com as crianças, fazer piqueniques, passear pela feira e o tempo ajuda”, diz esta artesã de sabonetes.

Para Marina, que aposta na sustentabilidade, “os sabonetes artesanais são um mundo”.

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Entre os sabonetes encontram-se a invulgar combinação de menta e sementes de papoila, o de carvão activado, e o de cacau, cujo aspecto faz lembrar o de um bolo mármore. “As crianças já passaram por aqui e quiseram dar uma dentada”, confessa.

Mário Carvalho, enfermeiro com uma paixão pelo Alentejo, transforma potes de barro, cortiça e sobras de madeira em candeeiros invulgares. As matérias primas vêm do Alentejo: distrito de Évora, Redondo e Azaruja. Para além do barro e da cortiça, a madeira e o sisal marcam presença nos trabalhos feitos.

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Eduarda define-se como “a mulher que agarrou a galinha”, entre risos, ao descrever o projecto Chicken Chic, onde esta ave é a protagonista, em vários tamanhos e utilidades. “Já fiz vários mercados com os Artistas da Linha. As pessoas gostam, acham diferente, por causa dos tecidos e das cores, e do ar bem disposto das galinhas. Eu digo logo que elas saem à dona, porque ela lhes transmite essa boa disposição. E é evidente que, com tudo o que tem acontecido ao longo deste tempo, as vendas têm baixado bastante, mas tenho sempre um bom feedback em relação às peças”.

projeto Chicken Chic

As páginas Instagram e Facebook ajudaram a divulgar, como admite, “mas no meu caso, a presença física tem sempre um impacto diferente do online”. “

Onde não há produtos, criam-se. Foi assim que pensou Inês Peres antes de começar com o projecto das camas para cães e gatos, inspirada pelos quatro cães Labrador que adoptou.

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“Vim porque já conhecia a Cristina. Ela fez-me o convite, eu aceitei de bom grado. Gosto muito de cá estar”, palavras da madeirense Olívia Oliveira, que reside em Santa Maria da Feira mas faz centenas de quilómetros ida e volta para o Jamor, agradada com a receptividade. A banca da madeirense Olívia Oliveira tem apenas produtos da ilha, assegura. Cozem ao vivo o bolo do caco numa pedra, a massa a levedar.

“O bolo do caco era o bolo dos pobres”, explica-nos Olívia, que sabe a história toda deste alimento tradicional: “Na altura da Segunda Guerra Mundial, quando chegavam à Madeira os navios com a farinha, era para os senhores feudais, e os pobres não tinham farinha. Como não a tinham, faziam o pão com aquilo que abundava na Madeira: a batata doce. A batata doce laranja não dá, porque tem muito fio. A batata doce branca é aguada. A melhor é a amarela, porque é mais consistente”, ensina-nos esta madeirense.

Este projecto da feira dos Artistas da Linha assume-se como alternativa. A organização diz que a autarquia e as gerações mais novas estão a dinamizar o concelho para atrair mais visitantes. “A nível cultural há muitas ofertas”, diz Cristina Lopes. “Aqui no Jamor somos pioneiros, nunca tinha surgido um mercado. É uma das observações que mais ouço dos clientes ‘ai, que engraçado, já vivo aqui há trinta anos e nunca tinha visto aqui um mercado’. Estamos mesmo a desbravar caminho. É um espaço fantástico, lindíssimo, e é um mercado que está a crescer. Eu sei de pessoas a querer vir para cá”.

Cristina Lopes recorda que já em 2018 falou com o Secretário de Estado da altura e pediu para baixarem o valor do IVA para os produtos de artesanato. “Todos nós somos obrigados a ter os nossos impostos em dia. Dinamizamos imenso as zonas onde estamos implantados. Divulgamos e dinamizamos a imagem do nosso País. Os estrangeiros gostam de comprar porque sabem que o que é feito aqui tem qualidade. Acho que podíamos ter uma benesse de redução do IVA”, defende.

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