Quinze anos depois de o Parlamento francês ter aprovado a Emenda Constitucional do artigo 66-1 da Constituição da República Francesa, que determina que “ninguém pode ser condenado à pena de morte”, treze milhões, duzentos e noventa e sete mil, setecentos e sessenta cidadãos franceses votaram em Marine Le Pen para presidente da França, a política que quer referendar a possibilidade de retorno àquela barbárie institucionalizada.
Apostaram na extrema direita, fazendo jus ao caráter que os levou a esperar 26 anos para aprovar aquela Emenda, depois de Miterrand ter legislado, em 1981, a proibição da aplicação da mão assassina do Estado pelos tribunais.
Alguns fizeram-no como alternativa inconsciente ao insustentável e decadente status quo, controlado por caciques manipuladores que financiam o carnaval permanente onde nos embebedamos, mas outros não. Esses querem conscientemente voltar à vilania do passado perverso, que não estudaram, não viveram, não ouviram, sobre o qual não pensaram e para glória do qual têm vindo a ser solidamente treinados, muito mais do que aquilo que sabemos.
Seja como for, esse pequeno exemplo de treze milhões de cidadãos, poderá ler-se de trás para a frente, ou de frente para trás – como a frase em título e na ilustração, de Guy Debord – que nunca deixará de significar que a estrutura sócio-política a que continuamos a tecer loas, chegou à sua reta final.