A Guiné Equatorial entrou para a CPLP mas continua a ser um país ignorado pela comunidade lusófona. Pelo menos em Portugal, a opinião pública desconhece quase em absoluto o que por lá se passa. Os órgãos de comunicação social raramente abordam questões relativas à Guiné Equatorial e, quando abordam, transmitem uma imagem bastante negativa sobre o regime político, os dirigentes, e quase nada mostram sobre a sociedade guinéu-equatoriana.
Vejam, por exemplo, que em Portugal nem os manuais escolares se referem à Guiné Equatorial como Estado membro da CPLP. E não foi por falta de tempo. O alargamento da CPLP à Guiné Equatorial já foi há quase oito anos, em julho de 2014.

A entrada da Guiné Equatorial na CPLP foi sempre muito contestada. Os críticos apontam motivações meramente económicas para a adesão. Dizem que no país nem se fala português.
Se foram razões meramente económicas, não são muito percetíveis. Quem ganhou o quê, em termos económicos, com essa adesão? A questão da língua portuguesa é um facto. Mas, na verdade, não se fala português na Guiné Equatorial nem em Timor-Leste. Em Dili, apenas uma pequena elite social fala português. Provavelmente, o mesmo se passa na Guiné Equatorial.
De resto, também na Guiné-Bissau a grande maioria da população não fala português e, mesmo em Moçambique, o português ainda não venceu a predominância das várias línguas maternas. E se não contestamos uns não devemos contestar outros. Talvez devêssemos começar por retificar os nossos manuais escolares.
O esforço da cooperação portuguesa, através do Instituto Camões, também não é visível. Na Guiné Equatorial não existem centros culturais portugueses, não existem centros portugueses de cooperação bilateral, não existem centros de língua portuguesa, nem parece que o país integrou a CPLP.