Decorre no Porto, o Portugal Fashion. Uma semana dedicada à costura, alta costura de preferência. Quem vir os trapitos que cobrem os corpos dos e das manequins há de estranhar, por vezes. Quem veste aquilo? É uma pergunta recorrente, misto de desprezo e inveja… mas, na verdade, muitas vezes, aquilo não é roupa que se vista. É mensagem, é panfleto, pode até ser política. Mas é essencialmente exibição.
Por exemplo, este rapaz veste uma roupa desenhada por Andreia Reimão, parte de uma coleção que pretende retratar “homens de escritórios, (des)controlados e respeitados, mas sempre presos aos seus cubículos. A falta de liberdade nesse espaço faz com que sonhem com algo maior, uma utopia”, diz a criativa. Perceberam?

Na imagem seguinte, vemos a representação do que sobra, do que foi descartado… uma ideia de Marcelo Almiscarado. Diz ele que “a coleção foi feita com o que não foi utilizado em coleções anteriores”. Uma espécie de reciclagem, portanto. Interessante, na nossa opinião.

Dizem as notícias que estão na Alfândega do Porto oito manequins ucranianas e que uma marca de roupa vai apresentar uma coleção dedicada ao protesto contra a guerra. Política.
Evelina Skulska, apenas Eva no mundo da moda, é uma delas. Não quis ir para a guerra, está no catwalk do Portugal Fashion. A miúda vai ficar por cá durante uns tempos, mas é evidente que se a vida aqui não lhe correr de feição acabará por rumar sem dificuldades para Paris ou Londres, Nova Iorque, para alguma das capitais mundiais da moda. Lá a concorrência será maior que em Lisboa ou no Porto, mas o passaporte ucraniano pode abrir muitas portas, nas atuais circunstâncias.


A 50.ª edição do Portugal Fashion arrancou na quarta-feira e decorre até sábado na Alfândega do Porto. Passarão por lá nomes consagrados da moda portuguesa como Miguel Vieira, Katty Xiomara, Luís Onofre, Diogo Miranda ou Alexandra Moura, segundo a organização.
O Portugal Fashion é um projeto da responsabilidade da Associação Nacional de Jovens Empresários, tem financiamentos públicos enquadrados no programa Portugal 2020. Ou seja, em parte a coisa faz-se com dinheiro proveniente da União Europeia, através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional.