O que fizeram com os votos dos emigrantes é inaceitável. Foram anulados 157.205 votos! Ou seja, a maioria dos votos dos emigrantes não valeu para nada. A razão para esta eliminação massiva dos votos foi uma queixa apresentada pelo PSD contra os votos que não estivessem acoplados a uma fotocópia de um documento de identificação do eleitor. Todos acreditávamos que o voto era secreto. E todos julgavamos que a reprodução do cartão de cidadão estava proíbida. Mas para os emigrantes parece que não é assim.
O PSD explica que apresentou a queixa à Comissão Nacional de Eleições – para que os votos sem cartão do cidadão não fossem contabilizados – apenas para cumprir a lei.
A grande maioria dos votos anulados foram os dos emigrantes na Europa.
No final das contas, o PS venceu na Europa e o PSD foi o mais votado fora da Europa. Cada um dos partidos elege dois deputados, um por cada círculo.
Os socialistas já fizeram saber que pretendem recorrer junto do Tribunal Constitucional da decisão da CNE.
Viabilizar o voto eletrónico
Parece evidente que a Lei Eleitoral não funciona no caso dos votos dos emigrantes. Primeiro, porque os votos não são contados na mesa de voto, colocadas nos consulados. Deviam ser ali, com mesas de voto legalmente constituídas. Como acontece em todas as outras mesas de voto. Não há nenhuma razão para que isso não se faça nos consulados onde existam meses de voto. Segundo, o voto à distância por meios eletrónicos devia ser implementado. Não só na emigração, como em todos os círculos eleitorais. O eleitor receberia uma senha e votaria pela net. Como se faz para o netbanking, por exemplo. Ou para pagar impostos. Quase todos os serviços do Estado já estão, hoje, acessíveis pela net. Porque não votar?