Lisboa, bairro de Arroios, rua Francisco Sanches. Quinhentos metros de rua que já foi de comércio e habitação.
Hoje, um bom número de lojas encerrou. A crise sanitária, a crise do turismo e a desertificação da cidade fazem uma equação de difícil resolução e nem mesmo o empreendedorismo oriental consegue o milagre de manter as portas abertas.
Nestes 500 metros há várias lojas fechadas, algumas com ar de estarem fechadas há muito tempo. E há vários prédios devolutos. Vazios de gente. Edifícios que não cumprem a missão de serem abrigo, casa, morada, lar de famílias.
Quiseram fazer de Lisboa uma cidade de hotéis. Tudo foi destinado a albergar turistas ou outro tipo de passantes apressados.
Despejaram famílias, apressaram a morte dos mais velhos, pagaram ou coagiram as pessoas a procurar outras moradas, porque Lisboa era para camones e franciús, vikings, tovarich ou marajás. E a cidade foi ficando assim, semi deserta e decadente. A rua Francisco Sanches é um dos muitos reflexos desse estado a que a cidade chegou.
O cinema Pathé – Imperial
Mas já houve vida por aqui. Um dos edifícios abandonados é o mítico Cinema Pathé, construído em 1926 e que fazia da rua Francisco Sanches um dos centros de confluência de multidões.
Esta é a primeira fachada do Pathé quando, em 1931 foi rebaptizado Cinema Imperial. Assim se chamou até 1973 quando decidiram recuperar o nome original e voltou a ser Cinema Pathé.
Nos anos 50 foi modernizado e o edifício ganhou volume. A fachada ainda é a que hoje se mantém.
Nos anos 80, com o advento dos centros comerciais, os cinemas de bairro começaram a perder público. O Pathé acabou por fechar, ainda foi discoteca mas por pouco tempo.
Há mais de 20 anos que está fechado, entaipado. A Câmara Municipal aprovou um projeto para fazer deste edifício um hotel, que mais havia de ser…? Mas as obras nunca se iniciaram. A vizinhança diz que em 2019 ainda andaram por aqui uns tipos que pareciam engenheiros, mas desapareceram quando veio a pandemia.
O projeto aprovado pela autarquia prevê a demolição do edifício, que seria substituído por um mais alto, com 7 pisos. Mas parece que os donos da obra perderam a vontade…