As fogueiras da inquisição

Quando a Polícia Judiciária "invadiu o relvado" do FC Porto, deu na televisão. O despacho dos procuradores anda há dias consecutivos a dar nos jornais. Metade do país já condenou os eventuis suspeitos de práticas eventualmente criminosas. A "justiça" continua a ser feita nas fogueiras da inquisição.

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Olhando para os jornais dos últimos dias, lendo apenas “as gordas”, ficamos a saber que o presidente do FC Porto é um malandro e que está a caminho de passar o resto dos seus dias na suite 44 do EP de Évora.

Mas será assim? Duvidamos. Não só porque sabemos ser verdade quando se ouve dizer que há uma justiça para ricos e outra para pobres e Pinto da Costa é rico. Nunca lhe vi a conta bancária, mas só pode ser. Um tipo que está há décadas (desde 1982) à frente de um dos maiores clubes de futebol do país, só pode ser rico. Se não era antes, teve todas as oportunidades para amealhar fortuna durante estes anos todos. E não estou a falar das tais comissões sobre transferências nem de desvios ilegais de dinheiro. Bastar-lhe-ia não gastar tudo em vinho e mulheres, embora isso seja pouco natural a acreditar no que diz o senhor Dijsselbloem…

A verdade é que estamos a assistir a uma espécie de tradição da justiça portuguesa. As fugas de informação relativas a processos em investigação “queimam” o putativo arguido que, mesmo quando o caso nunca chega a ser julgado, não se livre dos rótulos que entretanto lhe puseram.

No caso de Pinto da Costa, acusam-no de desviar dinheiro do clube, de cobrar comissões ilegais em transferências de jogadores, fraude, fuga ao fisco, suborno, viciação de resultados desportivos, o diabo a sete. Segundo os procuradores que investigam Pinto da Costa, os esquemas terão rendido cerca de 20 milhões de euros, funcionavam desde 2012, e estão a ser “escavadas” 16 transferências de jogadores. A saber: Casemiro, Brahimi, Ricardo Quaresma, Aboubakar, Ricardo Pereira, Uribe, Éder Militão, Felipe, Zé Luís, Idrisa Sambú, Oliver Torres, Fábio Silva e Danilo Pereira. Também os nomes de Renzo Saravia, Marchesín e Marcano surgem citados nos relatos da imprensa que bebe informação diretamente de fontes caudalosas.

Só há um senão… não há arguidos constituídos. Os investigadores ainda não se sentem confortáveis para acusar alguém.

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