Existe no Parque Urbano de Rana (concelho de Cascais), um Borboletário, «equipamento destinado a visitas guiadas ou livres, utilizado como local de estudo das borboletas nos seus vários estados de desenvolvimento, a preservação das espécies e a educação ambiental». Outros há em Portugal, com idênticas funções didácticas.
Pela vida das borboletas me senti seduzido desde jovem. Impressionou-me deveras o filme que tive oportunidade de ver em Poitiers, no Futuroscope: organiza-se um tipo delas e voam milhares de quilómetros para demandar outra região do mundo e aí continuarem a viver e a perpetuar a sua espécie. Consultei a Wikipédia e verifiquei que se trata da borboleta-monarca (Danaus plexippus). Tem cerca de setenta milímetros de envergadura, asas laranjas com listras pretas e marcas brancas. Os seus ovos eclodem no Canadá e, ao atingirem o estado adulto em Setembro, voam cerca de 4000 km até chegarem ao México , onde passam o Inverno. Um espectáculo que me deslumbrou.
Do livro de Jesús Simon, «A Dios por la Ciencia» (Editorial Lumen, Barcelona, 1958, p. 339-340), colhi a informação de que algumas espécies tomam tão perfeitamente a posição, as cores e, até, a figura de certas flores e vegetais com que convivem que se confundem com eles. Assim, por exemplo, a «borboleta vermelha» apresenta cores vivas e brilhantes ao voar; mas, pousada numa planta, assume exactamente a cor e a forma de uma folha morta.
Também anotei, na altura, que está cientificamente provado que as borboletas conseguem comunicar umas com as outras de grandes distâncias mediante a emissão de radiações!…
Confesso que estava longe de consagrar uma crónica às borboletas. O culpado é este novo olhar, mais demorado, que a pandemia nos trouxe, para aquilo que nos rodeia. Obriga-nos, de facto, a viver melhor! Ainda bem!
(crónica publicada também no blog Notas & Comentários)