O julgamento de Evaristo, o racista

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O assassino de Bruno Candé Marques já confessou o crime mais do que uma vez, no inquérito policial e no tribunal. Nem podia ser de outro modo, uma vez que Bruno foi morto na via pública, à luz do dia, numa das avenidas mais concorridas de Moscavide.

Bruno Candé Marques caído, depois de baleado na avenida de Moscavide

O julgamento, que decorre no Tribunal de Loures, apenas serve para a Justiça cumprir as regras e para a defesa do assassino tentar diluir a monstruosidade do ato cometido por Evaristo Marinho. Evaristo vai ser condenado, a questão é o tamanho da pena.

Pelo tribunal têm passado testemunhas oculares e testemunhas abonatórias. As primeiras contam o que viram e ouviram, os seis tiros disparados à queima roupa, a agonia da vítima, a tentativa de fuga do algoz, a chegada do INEM, a intervenção da PSP. As segundas falam da surpresa que tiveram, que nunca suspeitaram sequer que Evaristo tinha armas em casa, que sempre foi um tipo normal, etc.

Por exemplo, Maria Alice Costa, casada com Evaristo, garantiu ao tribunal que o marido não era violento, nem nunca lhe ouviu comentários racistas. Mas também disse que desconhecia que ele tinha uma arma em casa dentro de uma caixa com munições, o que revela uma de duas coisas: ou não conhece bem o marido ou está a mentir. E têm sido assim os testemunhos da defesa de Evaristo.

O Ministério Público não tem dúvidas sobre as motivações racistas do criminoso. O homicídio de Bruno Candé Marques foi determinado “por razões vãs” e “pela sua cor e origem étnica”, acusa Ministério Público. O tribunal irá decidir se foram estas as circunstâncias do crime ou se foi um ato irrefletido, uma demência momentânea. A defesa procura infiltrar esta dúvida, só assim Evaristo se livrará de ser condenado por homicídio qualificado.

Há ainda pormenores que têm sido silenciados no julgamento. Evaristo tinha consigo uma pistola ilegal, uma arma de guerra, uma Walther PP e um número não divulgado de munições. A Walther PP é uma pistola de polícia (é o que significa PP). Como e porquê essa arma foi adquirida por Evaristo são questões que todos esperamos que o tribunal venha a apurar.

O julgamento de Evaristo Marinho começou em 13 de maio, o tribunal já ouviu dezenas de testemunhos. A próxima sessão está marcada para 18 de junho, em Loures.

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