A penalização sofrida por Manuel Morais revela, entre outras coisas, a dualidade de critérios que existe na PSP quando se trata de analisar a atuação dos agentes da polícia. Por um lado, a instituição reage sempre corporativamente quando algum agente prevarica, principalmente se se tratar de maus tratos ou violência sobre mulheres ou cidadãos de minorias étnicas. Por outro lado, o caso de Manuel Morais revela intransigência absoluta contra quem critica a corporação e preza comportamentos éticos.
Há muito que Manuel Morais é perseguido no interior da corporação. As críticas que fez quando o deputado Ventura tomou conta da manifestação de polícias na escadaria da Assembleia da República valeram-lhe um processo disciplinar. Agora, porque Manuel Morais considerou, num texto no Facebook, que o deputado Ventura era uma “aberração” e defendeu a “decapitação” das ideias fascistas na PSP, foi castigado com 10 dias de suspensão.
A dualidade de critérios nota-se, ainda, quando sabemos que processos disciplinares contra agentes policiais condenados em tribunal foram arquivados pela PSP e que, declarações igualmente publicadas nas redes sociais de agentes da policias que consideram “madeira podre nojenta” o sistema judicial português que os condenou por violência injustificada sobre cidadãos, não são alvo da curiosidade da PSP.
A dualidade de critérios também se nota quando a PSP mantém ao serviço e não aplica sanções disciplinares contra agentes condenados no conhecido “processo da Cova da Moura” cuja sentença já transitou em julgado e foi confirmada pelo Tribunal da Relação de Lisboa.
Na PSP parece haver uma grande confusão sobre o que é ser bom polícia e mau polícia. parece haver uma grande confusão sobre o que são direitos e deveres dos cidadãos (incluindo o cidadão que é polícia), parece haver uma grande confusão sobre o que é uma polícia civil num regime democrático e uma polícia numa autocracia.
Este tipo de confusões deviam merecer especial atenção do Governo. Nenhum corpo policial pode entrar em roda livre, sem controlo, sem submissão à hierarquia e sem submissão ao poderes executivo, legislativo e judicial. Queremos policias, não queremos cow-boys.
Subscrevo na integra este artigo. Admais se eu ti esse de decidir sobre uma limpeza nas forças de segurança, começar excluiria e substituía 50% em concurso rigoroso com critérios psicológicos bem defenidos, e testes anuais, desde o simples agente aos oficiais. . .