Quem vai ao Castelo dos Mouros consegue ver, de cima, o palacete dos Biester rodeado de densa vegetação na Quinta Velha. Foi encomendado ao mestre arquitecto José Luís Monteiro em 1886, por Frederico Biester Júnior. Nasceu em 1833. Era um dos sete filhos de Frederico Biester e Maria de Luz de Ataíde, que faleceram os dois em 1865, sob suspeita de tuberculose. Dos seis irmãos de Frederico, apenas se sabe o ano da morte de dois e suspeita-se também de morte por tuberculose.
Frederico Biester Júnior casou com Amélia Freitas Guimarães Chamiço. Amélia era filha de Fortunato Chamiço que comprou o Palácio Ratton, hoje Tribunal Constitucional, e fundou o Banco Totta. A única filha do casal morreu muito nova vítima da pandemia de tuberculose, que assolou Portugal há 150 anos. Frederico mal teve tempo para brincar com a sua filha nas belas salas do palacete. O casal morreu um par de anos mais tarde, quase em simultâneo, em 1898. Ao que tudo indica, a causa foi a tuberculose.
A fortuna dos Biester transitou para a sogra Claudina Ermelinda de Freitas Guimarães Chamiço, casada com Francisco de Oliveira Chamiço nascido em 1819, falecido em 1888. A tuberculose dizimou os Chamiços.
Claudina era mãe de Amélia, mulher de Frederico Biester. Ela e o marido tinham fundado o Banco Totta e comprado o Palácio Ratton, na Rua Formosa, hoje Rua de O Século.
Claudina Ermelinda de Freitas Guimarães Chamiço faleceu com 91 anos, a 18 de Julho de 1913. Deixou construído o Sanatório de Santa Ana, na Parede e uma elevada fortuna em legados. Uma das suas principais cautelas foi conservar o belo chalet dos Biester em Sintra. Recordava-se com lamentos dos poucos anos que a sua neta brincara naqueles salões e quartos de sonho.
A pandemia matou muitas alegrias. A tuberculose não escolheu condições sociais ou idades. Mas o mal passou. O mesmo irá acontecer com o Covid. O País não ficará com as janelas e portas trancadas, a moer-se com o passado.