O piloto britânico Lewis Hamilton (36 anos), sete vezes Campeão do Mundo de Fórmula 1, ainda não assinou a renovação do seu contrato com a Mercedes.
Esta situação tem sido terreno de imensas especulações na longa época morta entre o final do Campeonato em 13 de Dezembro de 2020 na pista de Abu Dhabi e o início da época 2021 marcada para 28 de Março no Bahrain.
Não tendo assinado até 31 de Dezembro de 2020, Hamilton ficou livre para negociar novas condições com a Mercedes para a época seguinte.
Algumas fontes indicam que o impasse entre o piloto e Toto Wolff, patrão da equipa de Fórmula 1 alemã está no diferencial de alguns milhões exigidos pelo piloto, por acréscimo aos 45 milhões de euros que recebe actualmente.
Há indicações de que a questão financeira até podia ser resolvida graças à boa vontade da INEOS, empresa química patrocinadora da Mercedes, em participar no pagamento do “ordenado” de L. Hamilton. Mas nem o piloto nem Wolff se abrem quanto ao assunto. O que é habitual quando estão em jogo tantos milhões.
Wolff diz à imprensa que não há pressa em acelerar a questão do contrato com Hamilton, que há tempo até ao recomeço das actividades nos testes marcados para 12 a 14 de Março no Barhain. “Do meu ponto de vista, tivemos um tamanho sucesso nos últimos sete anos que não há nenhuma razão para não continuarmos” disse Toto Wolff, acrescentando: “se se referem a não termos assinado ainda o contrato, a razão é bem simples. Demos sempre prioridade à conclusão do Campeonato e não estarmos distraídos com discussões muitas vezes difíceis devido à natureza das negociações”.
O ENGULHO GEORGE RUSSELL
Entretanto a Covid atacou e Hamilton teve de abandonar as pistas no último Grande Prémio da época 2020 no Bahrain por ter dado positivo no teste.
Desde logo levantou-se a questão sobre quem iria ocupar o assento do Campeão do Mundo no Mercedes nº 44, ao lado do Mercedes nº 77 do finlandês Valtteri Bottas. Com toda a lógica, a Mercedes convocou o jovem piloto inglês George Russell, que milita na Williams há dois anos. Assinado o acordo de “empréstimo”, tanto mais que a Williams é cliente da Mercedes usando os seus motores, Russell (23 anos em Fevereiro próximo), mudava de cores, vestia-se de Mercedes levando o seu número habitual, o 63. Tudo não passava de uma situação passageira, o “miúdo” (1,85 de altura) não iria fazer frente ao finlandês Valtteri Bottas, o segundo piloto titular da casa alemã.
Do lado da Mercedes, era previsível que Bottas dominasse a corrida e que o jovem inglês fizesse o seu trabalho de aprendiz sem qualquer compromisso. Mas Russell tinha outras ideias…e outros objectivos. Agarrou a oportunidade com ambas as mãos e…supresa, fez a segunda posição para a grelha de partida, ao lado do veterano Bottas. Ninguém esperava tal desempenho em tão pouco tempo de adaptação.
No arranque, Russell sai melhor, coloca-se na frente e domina tudo e todos deixando muitos queixos caídos de surpresa nas boxes. Com a vitória à espera do final da corrida, acontece o incrível, o impensável, o inexplicável.
Na paragem para troca de pneus há confusão nas instruções, os mecânicos montam no carro de Russell os pneus de Bottas. O finlandês, atrás, fica à espera e reparte com os mesmos pneus desgastados, depois de os mecânicos se darem conta do erro. Russell é obrigado a voltar às boxes para receber os seus pneus, cai para quinto, inicia uma recuperação fantástica, chega a segundo, tem um furo, volta às boxes e acaba por terminar num inglório nono lugar, com pedido de desculpas da equipa pela improvável asneira que cometera.
A grande exibição do jovem piloto ficou para sempre registada nos anais da F1. E levantou uma questão pertinente. Afinal, até um piloto considerado estreante na modalidade, pode ganhar um Grande Prémio, desde que conduza um Mercedes. O que, por outro lado, desvaloriza um pouco as sucessivas vitórias de Lewis Hamilton, aquele que igualou Schumacher em títulos mundiais.
E é aqui que se começa a equacionar a hipótese de Russell tomar o lugar de Hamilton, caso este decida parar. As vantagens são visíveis do ponto de vista financeiro. Russell é muito mais barato do que Hamilton. Fontes dizem que ele não chega ao milhão de libras na Williams. Donde…é só fazer as contas.
Do lado dos patrões de Toto Wolff (Daimler, proprietária da Mercedes) a ideia é fazer um contrato de um ano com Hamilton. Do lado de Hamilton, sabe-se que ele prefere compromissos plurianuais como até aqui com a Mercedes, com contratos de três em três anos. O atraso no processo da renovação confunde-se com a hipótese de o Campeão se retirar para ficar com tempo para os seus negócios – roupa, música.
Cortinas de fumo são lançadas todos os dias sobre a questão, com muita especulação pelo meio, com os protagonistas, Wolff e Hamilton dando ar de indiferença e de normalidade em todo o processo.
Depois de recuperar da Covid, Hamilton foi isolar-se nas montanhas (não disse aonde) afirmando que está a fazer a sua preparação física e mental para a época que se avizinha.
E o segundo piloto Valtteri Bottas? Pois ele vai ter de mostrar que merece o lugar para não o perder no final de 2021 a favor de Russell, caso Hamilton assine o papel.
Como se diz nas telenovelas, não perca as cenas dos próximos capítulos deste “ménage à trois” que anima a época da Fórmula 1 confinada.