Contra o fascismo, foi o mote que levou cerca de duas mil pessoas para as manifestações desta tarde, em Lisboa e Porto.
No Largo Camões, as palavras de ordem foram contra o líder do movimento de extrema-direita Nova Ordem Social, que dizem ser Mário Machado, os cartazes diziam “25 de Abril Sempre! Fascismo Nunca Mais!”, “Não Passarão” ou “Os imigrantes ficam, saiam vocês”.
Os manifestantes vieram dizer ao poder político que não pode ser tolerante com os intolerantes. E nos intolerantes, os manifestantes englobam o Chega, partido da extrema-direita e que consideram anti-constitucional por ser apologista de ideologia proibida pela Constituição.
A verdade é que em simultâneo às manifestações de hoje, a extrema-direita organizou um encontro em Lisboa com diversas organizações fascistas e neonazis europeias, evento que os manifestantes não compreendem como pode passar impune num país democrático e cuja Constituição proíbe a propaganda ao fascismo.
Esta manifestação é um grito de alerta para defender a democracia, disseram os organizadores, para quem a extrema-direita não pode ser interlocutor legalizado.
Os manifestantes afirmaram ir resistir a qualquer tentativa de intimidação, como aconteceu com a marcha KKK junto à sede do SOS Racismo ou com o email ameaçador dirigido a várias pessoas, entre as quais três deputadas da Assembleia da República.
Entre os manifestantes concentrados no Porto encontrava-se Luís Lisboa, coordenador do núcleo de Guimarães da Frente Unitária Antifascista, um dos primeiros ativistas a formalizar queixa-crime pelas ameaças e que disse encontrar-se já sob proteção policial.
A ideia que ficou destas manifestações de Lisboa e Porto foi que todo o país tem de combater, mais do que nunca, as tentativas da extrema-direita de voltar ao passado.
No Porto, Tino de Rãs, do partido RIR, juntou-se igualmente ao protesto porque – disse – “é preciso lutar contra aqueles que andam à boleia da democracia”.
Nos últimos dias, três deputadas e sete ativistas foram alvo de ameaças por uma autoproclamada “Nova Ordem de Avis – Resistência Nacional”, que reivindicou também uma ação junto à associação SOS Racismo.
Na quinta-feira, o Ministério Público instaurou um inquérito-crime ao assunto, um dia depois de o dirigente da SOS Racismo Mamadou Ba ter prestado declarações na Polícia Judiciária e ter confirmado a receção, juntamente com mais nove pessoas, de uma mensagem de correio eletrónico a estipular o prazo de 48 horas para abandonar o país.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, através da televisão, recomendou aos democratas tolerância zero e sensatez para combater o racismo.