OS PIRATAS CÚMPLICES

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A interceção ilegal da Flotilha Global Sumud pela Marinha israelita era previsível. O ato de pirataria consumou-se em águas internacionais, sem qualquer justificação válida em termos de direito internacional. Israel ocupa ilegalmente a Faixa de Gaza, e por isso mesmo a extensão dessa ocupação ao mar que lhe corresponde é igualmente ilegal. As embarcações da flotilha transportavam ajuda humanitária, e nenhum dos ativistas levava armamento. Ainda assim, foram sequestrados e o mundo assiste em silêncio.

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Enquanto isso, em Gaza, a rotina de morte prossegue. Bombardeamentos incessantes ceifam dezenas ou centenas de vidas todos os dias. Mulheres e crianças representam a maioria das vítimas. A brutalidade é evidente, mas a incapacidade da comunidade internacional em agir é ainda mais chocante. Quando alguns, como os ativistas da flotilha, tentam romper o cerco com alimentos e medicamentos, ninguém os protege, ninguém obriga Israel a abrir caminho à ajuda.

TRUMP E NETANYAHU

A diplomacia, por sua vez, continua a encenar soluções sem legitimidade. O Presidente dos EUA combina com Israel um futuro para Gaza – um protetorado estrangeiro de duração indefinida – sem ouvir um único palestiniano. O pretexto da “desradicalização” é apenas um disfarce para manter o controlo sobre o território e garantir que nada se altera no essencial: a expansão de Israel às custas da Palestina.

Perante o sonho declarado do “Grande Israel”, perante a rejeição absoluta da criação de um Estado palestiniano, qualquer acordo desequilibrado será inevitavelmente recusado pelo Hamas e por outras forças de resistência. Os EUA e Israel até podem levar por diante a aniquilação dos combatentes encurralados, a qualquer custo humano. Mas quem conhece a história sabe que a resistência palestiniana não se limita a Gaza nem ao Hamas.

Por isso, erguer muros mais altos, lançar mais bombas, receber mais aviões dos EUA – nada disso resolverá a questão de fundo. Porque a violência não destrói uma ideia. E a ideia de Palestina, mesmo sufocada sob escombros, não deixará de existir.

A cidade de Gaza em 1 de outubro de 2025

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